A Reconstrução do País n° 1 – Preparando o terreno para uma proveitosa colheita

Prezados leitores/amigos,

Tem início, hoje, uma nova série (aperiódica) denominada, sugestivamente,  “A Reconstrução do País”. É impressionante verificar-se a capacidade de destruição de políticas, procedimentos e práticas demostrada ao longo dos dois anos de governo Temer, e, mais decisivamente, dos quatro de Bolsonaro. Tais desmandos foram documentados ao longo de 87 números da série “Desmonte do Estado Brasileiro e da Soberania Nacional”. Sim, de fato o País assistiu a um verdadeiro Desmonte, até de forma planejada, em certos casos. Nada mais compreensível, assim, que a um Desmonte, venha a ocorrer uma ansiada “Reconstrução”.

Quem teve a paciência de aguentar os “Desmontes … ” deste modesto escriba, deve lembrar que o  último nº (o 87) foi datado 13 de dezembro p. p. E até prematuramente,  pois não se podia imaginar que, após a marcante  cerimônia de posse de Lula, cheia de emoção, de simbolismo e  … de público, viesse a ter lugar um vergonhoso dia  Oito de Janeiro, a tentativa de golpe de estado que ficará marcada em nossa História, pelos requintes de baderna e terrorismo, com a invasão e destruição parcial dos   palácios dos três Poderes, em Brasília, símbolos de nossas Instituições maiores. Verdade que, no dia da diplomação, 12 de dezembro, já foram presenciados alguns atos de selvageria em Brasília,  assunto que chegou a  ser objeto de consideração no Desmonte nº 87. Mas todos  imaginaram que a barbárie ficaria por ai. 

Por sorte, no dia 8 não ocorreu nenhuma morte, como no caso do modelo fielmente seguido – a invasão do Capitólio, em Washington.

A meu ver, o planejamento bolsominiano baseava-se na aceitação, por Lula, de um GLO, ante o vulto da baderna criada e a possibilidade de que atos extremistas  se estendessem  a outros pontos do território nacional. Em boa hora, Lula, com seu aguçado faro político, não aceitou a alternativa,  imediatamente considerada e pressurosamente levada ao mandatário maior  pelo ministro Múcio …

Cabe mencionar que a perspectiva de redigir esta nova série sobre a “Reconstrução  …” é motivo de muita satisfação  quando comparada com a  dos “Desmontes …”, plena  de relatos de vilezas e atentados ao Estado de Direito e à própria Constituição.  Agora, trata-se de alinhar boas notícias. em prol da recomposição de tudo o que foi destruído nos quatro (longos) anos da gestão Bolsonaro e mais dois do governo Temer.

As notícias relacionadas no Anexo visam recordar (mas não exclusivamente)  alguns eventos  mais significativos da primeira e mais urgente tarefa do novo governo: a limpeza da área política e administrativa, com  a demissão de grande número de militares e de bolsominions de todos os matrizes,

Ao final, alguns poucos destaques:

Enfrentamento com o Banco Central

O enfrentamento de Lula com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, pelas raivosas reações do “Mercado”, deixa claro que o atual governo tocou em “nervo exposto” … De fato, não inspira confiança um presidente do BC que, ainda em janeiro, trocava mensagens em grupo formado por ex-ministros de Bolsonaro. E que usou, em várias ocasiões, a camisa da seleção, deixando claro o seu apoio ao ex-presidente. Há fundada suspeita de que a política do BC em curso, mantendo a taxa de juro mais alta do mundo (13,75% ao ano, ou 8% acima da inflação, o dobro da segunda, do México) aliada a uma taxa de inflação muito baixa (3,25%) vise, ao final, prejudicar gravemente a política desenvolvimentista de Lula e sua bandeira de diminuir a desigualdade social, pela atenção preferencial aos mais necessitados, senão até mesmo levar o País a uma recessão. Pergunta que não quer calar: é crível supor que se cogite de investimento e de criação de empregos quando se pode ganhar muito mais gozando o lazer e vivendo do rentismo derivado de juros escorchantes? Um mérito já se constata: o assunto, da maior importância nacional, ganhou os holofotes da opinião pública, o que não acontecia até então.

O genocídio dos yanomanis

É ponto pacífico que, caso Bolsonaro tivesse sido reeleito, a etnia estaria muito seriamente ameaçada de extinção, no território nacional. Aliás, ante tantas evidências criminosas já conhecidas,  não há nenhuma  dúvida que se configura, no caso, um claro genocídio. Após visita a Roraima, Lula classificou a situação dos indígenas de “desumana”: estabeleceu um Comitê de Coordenação Nacional para fazer frente à situação calamitosa da saúde dos yanomanis e o estado de Emergência em Saúde Pública para combater a falta de assistência sanitária àquele povo indígena.

Política externa

Impressionante verificar como em apenas cerca de mês e meio  de governo e tão somente duas viagens ao exterior, à Argentina e aos EEUU, o Brasil já tenha voltado a assumir, no cenário da política externa e internacional. o papel geopolítico de realce que lhe cabe, cuja falta era sentida pela própria comunidade internacional! O nosso atual presidente, quando no exterior,  não fica mais  conversando apenas com os  garçons (sem desdouro à classe) …

Abraço cordial de

Luiz Philippe da Costa Fernandes