Nº 61

Apresentação do nº 61

Caros leitores,                  
Tem toda razão quem afirmou que o Brasil não é para amadores. No último Desmonte apresentei algumas considerações sobre a possibilidade de  impeachment de Bolsonaro ou de um autogolpe seu. Leio agora um depoimento muito importante do antropólogo  Piero Leirner que lança novas e perturbadoras luzes sobre o assunto  e sobre a própria eleição do “Mito”. Em consequência, aceitas as novas informações, mudam de aspecto algumas das considerações que coloquei no papel, naquele Desmonte. O leitor encontrará na notícia nº 5 reproduzida no anexo  ("Projeto Bolsonaro - presidente foi construção de generais”) um resumo da matéria. Mas importa  muito ler na integra a entrevista completa concedida pelo Leirner, estudioso de assuntos militares  há 30 anos, em   https://youtu.be/mDpYdnPYjMc (ou a assista pela TV).  Longa mas muito esclarecedora.

Em resumo, com base no livro  escrito pelo gen. Villas Bôas (“General Villas Bôas: conversa com o  comandante”)  e em suas próprias pesquisas, Leirner afirma  que a escolha de Bolsonaro para Presidente não foi ato fortuito,  decidido em 2018, mas  o resultado de um projeto acalentado há muitos anos que incluiu –  certamente  com o beneplácito do Alto Comando de Exército  – o comparecimento de Bolsonaro e seu  proselitismo  em vários anos consecutivos às  cerimônias   na Aman, a partir de 2014,  já incorporando o papel de “salvador da Pátria”.

No livro escrito por Villas Bôas, ele indica (confessa?) que o rascunho do tuite divulgado às vésperas do julgamento do habeas corpus do Lula, foi por ele inicialmente redigido em termos muito mais incisivos dos que os que vieram a lume,  fruto de reunião do Alto Comando do Exército que se prolongou por várias horas. (Em suas palavras: “Recebidas as sugestões, elaboramos o texto final, o que nos tomou todo o expediente, até por volta das  20 horas”). A conclusão óbvia é que a nota não resultou de iniciativa pessoal do Comandante do EB mas representou a posição sedimentada de toda a Instituição  uma clara   intervenção anticonstitucional do Exército em  decisão exclusiva do Poder Judiciário.  Assumindo explícita posição partidária,  o EB   passou a agir como ator político privilegiado, pelo poder de suas armas. Aliás, um dos argumentos esgrimidos para dar maior eficácia aos tuites de Villas Boas teria sido  exatamente a ameaça junto ao STF de que dispunha de 300 mil soldados atrás de si . Lembra-se  que,  com tal nota, divulgada no dia 3 abril de 2018,  o Supremo acabou por rejeitar o HC (maneira extremante diplomática de  indicar-se o que realmente parece ter ocorrido), que certamente  seria concedido, caso prevalecesse o texto constitucional. Com isso,  afastou-se Lula, o candidato favorito,  da disputa eleitoral e ficou  limpo o terreno para a vitória de Bolsonaro.

Ainda com base principal no livro de Villas Bôas, Leirner nos indica que ocorreu uma explícita  politização no EB  já  no  governo Lula.  Assumindo-se como verdadeiras as indicações do antropólogo, o  projeto Bolsonaro presidente “foi uma construção de generais da ativa e reserva que se efetivou a partir de 2014 e teve o aval de todos que  passaram pelo Alto Comando desde então. Toda a narrativa  de  generais que se aproximaram  de Bolsonaro é a de que ele foi um acidente que aconteceu em 2018. Mas isso é uma ‘operação de dissimulação’, para usar a linguagem deles. ...   Em 2019, o general Rêgo Barros afirmou que ‘[coube ao Exército]  mergulhar de cabeça no ‘submundo' das mídias sociais  Facebook, Instagram, Twitter, WhatsApp, Portal Responsivo, Eblog etc.  e se tornar o órgão público com maior influência no mundo digital no Brasil’".

No contexto  se  inserem os graves fatos indicados  em outro livro, esse escrito pelo Michel Temer (A Escolha - como um presidente conseguiu superar grave crise e apresentar uma agenda para o Brasil”), De fato, conforme constante em sua obra,  Temer   então  vice-presidente,  participou de várias reuniões com o gen. Villas Bôas e o então CEME - gen. Sérgio Etchegoyen, entre 2015 e 2016, onde se cogitou o afastamento da presidente eleita legitimamente Dilma Roussef. Como é óbvio, com  tal procedimento, os dois mais altos chefes do Exército cometeram ato de séria deslealdade para com  a Comandante suprema das FFAA ao  concordarem  em participar de  iniciativa que atentava contra a Constituição. (Observação: Temer nomeou Etchegoyen como ministro-chefe do Gabinete de Segurança, em seu governo).

Como todos devem recordar-se, a   publicação do livro de Villas Bôas, deu origem a uma   (breve) crise Executivo x Judiciário, criada  após a divulgação de  nota do min. Fachin afirmando que uma pressão militar contra o STF é ato gravíssimo e atenta contra a ordem constitucional  e ante a irônica  réplica recebida do general,  indagando porque a preocupação  do ministro só  ocorreu  três anos após o evento (no que se há de  convir, há uma  dose de razão ...). A crise foi  rapidamente  esvaziada pelo  Ministro da Defesa  gen. Fernando Azevedo  que, em gestão patética junto  ao presidente do STF  – min. Fux, declarou que,  contrariamente ao afirmado por Villas Bôas, a nota foi iniciativa pessoal dele, sem participação colegiada. (Devemos acreditar no  gen. Lourenço que nos indica  que Villas Bôas faltou com a verdade??).

A prevalecerem os fatos acima indicados, infelizmente nosso Exército passará à História ainda com maior responsabilidade por  ter possibilitado, por decidida e continuada ação política, a posse de um presidente tresloucado que tanto mal vem causando ao País. E isto se constituiria um grave Desmonte da hierarquia militar e de nossos princípios democráticos.

Como se não fosse pouco,  ao final do mês de fevereiro, surge nova crise  – a da substituição do presidente da Petrobras  adicionando mais uma pitada  à vertente econômica das  dificuldades  crescentes que nos  rodeiam, criadas em larga   medida pelo próprio governo Bolsonaro.

 Ao final deste Desmonte, uma nota  triste e deprimente: estamos caminhando para sério agravamento do Covid-19 no País. Até o próprio Ministério da Saúde já menciona a possibilidade de três mil óbitos por dia, em futuro próximo. Caso tal ocorra, estaremos à beira do caos social, com consequências imprevisíveis. Temos a nosso desfavor a incompetência de Bolsonaro e do general intendente logístico da ativa escolhido por ele para gerir a pasta mais importante na conjuntura. Ou não? Ou tudo não passa  de “frescura e  mimimi”?

Aos amigos leitores, o  mais cordial abraço do

Luiz Philippe da Costa Fernandes

ARTIGOS SELECIONADOS PARA O DESMONTE Nº  61

1 – “Pilulas de um governo patético!” – título meu –   datas diversas.

 – “Militares se desgastaram muito no 1º ano do governo Bolsonaro, diz cientista político João Roberto Martins Filho” – 11 JAN.  
“’Gostaria de acreditar que, 35 anos depois (do fim do governo militar), teríamos uma corrente democrática nas Forças Armadas que percebesse os danos que podem vir dessa associação com a política partidária. Mas não vejo isso’, diz o pesquisador. Para ele, neste primeiro ano de forte presença militar no governo, ficou evidente a influência de fatores como corporativismo, conservadorismo e ideologia no comportamento das Forças Armadas”.

“General Ramos diz que militares ‘entendem’ aliança de Bolsonaro com o Centrão”. ”  –   10 FEV.
“Não me envergonho’”, disse ele ao Estadão, acrescentando que militares “entendem” a aproximação. … Como mostrou o Estadão, o gabinete de Ramos se transformou em ‘QG’ das campanhas do deputado Arthur Lira (PP-AL) e do senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) – no local, conforme parlamentares, eram acertados verbas e cargos. Cerca de R$ 3 bilhões em verba”.

Será que todos entendem, mesmo?...

Frase  de Bolsonaro pronunciada em cerimônia militar: Alguns acham que eu posso fazer tudo. Se tudo tivesse que depender de mim, não seria esse o regime que nós estaríamos vivendo”. Ainda acrescentou que  que, “apesar de tudo”, representa a democracia no Brasil. – 20 FEV  

 Ele só pensa “naquilo” ...    

,Wagner e petroleiros ingressam com ação contra venda subfaturada de refinaria na Bahia”  – 21 FEV.
…  estudo de valuation do INEEP …  mostra que o valor de mercado da RLAM estaria entre 17 e 21 bilhões de reais. Já o BTG Pactual estipula uma venda 35% (5 bilhões) abaixo do mercado, o que daria à Refinaria um valor de aproximadamente 13,9 bilhões de reais. Entretanto, a Petrobras vende a RLAM por aproximadamente 8,9 bilhões de reais. … Vale lembrar que a Petrobras ainda pretende privatizar sete refinarias, e faz-se urgente um recado dos trabalhadores da Companhia de que não aceitarão que seus bens sejam entregues por valores irrisórios”. 

– “A nova chantagem do ministro para levar adiante o desmonte do Estado, por Lauro Veiga Filho” –  21 FEV.
“… [Guedes]  com sua chantagem explícita .. [pretende]  Desindexar todos os gastos, desvincular todas as despesas, liberar integralmente o orçamento à sanha dos que mais podem na disputa pelos recursos federais, levando adiante o projeto de desmonte do Estado. Seus argumentos são pífios … Diz o ministro que, sem a indexação (quer dizer, sem a obrigatoriedade de correção com base na inflação de algumas classes de despesas, para a saúde e educação), o Congresso poderia conceder aumentos maiores para gastos com saúde ou para a educação, por exemplo, acima mesmo da inflação. …. O ministro que tem segurado as despesas para compra de vacinas e deixou de gastar pouco mais de R$ 80,0 bilhões dos créditos extraordinários abertos no ano passado para enfrentar a pandemia iria de fato elevar o orçamento da saúde, da educação, da pesquisa científica e tecnológica? … A desvinculação extinguiria o piso de gastos fixado pela Constituição para favorecer a saúde e a educação, além da pesquisa científica e tecnológica. Sem a necessidade de cumprir esses limites, …  o ministro poderá cortar ou desviar esses recursos para outras áreas, atendendo a demandas outras de parlamentares e grupos de pressão.”

 -“Dias Toffoli afirma que houve financiamento internacional a campanhas contra instituições”  – 22 FEV.
“…Dias Toffoli, disse que o inquérito das fake news identificou que houve financiamento internacional a atores que usam as redes sociais para fazer campanhas contra as instituições brasileiras.”         

Isso é muito sério!                   

Lula: “O golpe foi feito para mudar o modelo de exploração do petróleo no Brasil” – 24 FEV.
“’ … nós acreditávamos que a Petrobrás seria um passaporte para o futuro. E eles assenhoraram da Petrobras para obedecer aos acionistas de Nova York. A Petrobrás virou exportadora de óleo cru e importadora de derivados. Subordinaram ela ao mercado internacional’ …”.                     

Compartilho a opinião de Lula! A Petrobras, melhor dizendo, o pré-sal  seria o passaporte para um Brasil grande!            

2 – “Sob Pazuello, presença de militares na Saúde saltou de 2,7% para 7,3%” – Jornal GGN  – 06 FEV.
“As equipes do senador Alessandro Vieira …  e da deputada federal Tabata Amaral … elaboraram um infográfico sobre  a evolução da presença de militares em cargos do governo federal. Os dados vão desde janeiro de 2013 até setembro de 2020. Pelas informações é possível notar que a presença de membros das Forças Armadas no Ministério da Saúde deu um salto com a nomeação do general Eduardo Pazuello para o comando da pasta. Em abril, último mês antes de Pazuello assumir o ministério, eles correspondiam a 2,7%. Já em setembro, com quatro meses da gestão de Pazuello, a presença passou a ser de 7,3%. … [Título do infográfico, não reproduzido: “Militares ativos e inativos em cargos de natureza especial e em funções DAS, FCPE e CGE de nível alto”]. . …  Na Presidência, o contingente saltou, de 2013 a 2020, de 2,6% para 15,1% do total de comissionados. …   Os dados são do Portal da Transparência.

https://congressoemfoco.uol.com.br/governo/militares-governo-tabata-alessandro/

Em tese, compreende-se o interesse do governo em “mobiliar” certos setores com pessoal de gabarito e experiência administrativa. O que preocupa, no caso, é o grande número  de militares diretamente envolvidos com um governo destrambelhado, o que afeta a reputação das FFAA. Tal número varia segundo a fonte . Pelo TCU (jul 2020) atingiria mais de 6,1 mil militares; pelo site Poder 360, com base na Lei de Acesso à Informação, chega a 8.450.  

3 – “Para promover farra da cloroquina, Bolsonaro usou cinco ministérios, estatal, conselhos, Exército e Aeronáutica24706 FEV.
A reportagem [ jornal Folha de São Paulo] identificou dezenas de atos oficiais, todos eles públicos, adotados nas mais diferentes esferas de governo para garantir a circulação de cloroquina e hidroxicloroquina. Distribuir o medicamento virou uma política de governo, com atos dos Ministérios da Saúde, Defesa, Economia, Relações Exteriores e Ciência e Tecnologia. Envolve desde a orientação técnica para o uso até o fornecimento final da substância, passando por isenções de impostos e facilitações na circulação do produto.

 https://www.brasil247.com/brasil/para-promover-farra-da-cloroquina-bolsonaro-usou-cinco-ministerios-estatal-conselhos-exercito-e-aeronautica

Juristas e pessoas categorizadas ligadas à Justiça consideram inexorável que as autoridades diretamente responsáveis – leia-se pelo menos Bolsonaro e Pazuello – venham a responder criminalmente por seus atos. 

A propósito, “O escritório da procuradoria do Tribunal Penal Internacional (TPI) informou à Comissão Arns e ao Coletivo de Advocacia em Direitos Humanos (CADHu) que a corte está analisando a denúncia feita pelas duas entidades, em  novembro de 2019, na qual acusam o presidente da República Jair Bolsonaro de incitar o genocídio e promover ataques sistemáticos contra os povos indígenas do Brasil” (https://www.andes.org.br/conteudos/noticia/tribunal-penal-internacional-de-haia-aceita-denuncia-contra-jair-bolsonaro1  )

4 – “As Forças Armadas estão no aparelho de Estado e não estão dispostas a sair em 2022’. afirma José Genoino”  –247 – 12 FEV.
“De acordo com Genoino, o porão das Forças Armadas atuou para colocar o revanchismo no poder, com o mote de que ‘contra o PT e a esquerda tudo vale’. Para ele, é decisivo recolocar as Forças Armadas debaixo do poder civil e eliminar a ideia de lei e ordem e de tutela. “… ‘O golpe de 2016, a prisão do Lula e a eleição manipulada produziram um novo modelo de regime político baseado em três elementos centrais: a tutela militar, o papel da mídia corporativa e os monopólios midiáticos e o sistema de Justiça, especificamente o lawfare, da criminalização da política’, analisou o político. … ‘a eleição de Jair Bolsonaro é parte de uma estratégia dos militares para retornarem ao poder sem a necessidade de um novo golpe, como o que ocorreu em 1964. A eleição do capitão só foi viável por causa das Forças Armadas, particularmente do Exército. Aí há um matrimônio inseparável. Seu governo depende desta tutela. Isso vem da campanha de 2018, veja a intervenção no Rio de Janeiro, a campanha eleitoral, a maneira como se desenvolveu a campanha, a maneira como se montou o governo, e eu acho que ele representou a possibilidade dos militares voltarem ao exercício do poder sem a necessidade de uma interrupção abrupta do ponto de vista militar e político. Essa ideia de que vem um golpe, de que vem uma crise de natureza militar acho que é uma visão que não corresponde’, disse.”

https://www.brasil247.com/poder/as-forcas-armadas-estao-no-aparelho-de-estado-e-nao-estao-dispostas-a-sair-em-2022-afirma-jose-genoino

Ex-presidente do PT,  não se pode dizer que Genoino não tenha visão e experiência políticas. Pela sua avaliação. não faz sentido cogitar-se de um autogolpe de Bolsonaro se e quando sentir-se acuado politicamente, ou no caso de uma e derrota nas eleições de 2022,  uma vez que qualquer rompimento das normas constitucionais só ocorreria com o beneplácito e a participação das FFAA ,melhor dizendo, do EB. As recentes declarações do gen Villas Bôas de que os seus tuites ameaçando o STF teriam sido aprovados previamente pelo Alto comando do Exército e e o reconhecimento explicito   de Bolsonaro ao Villas Boas, quando de sua posse (General Villas Boas, o que já conversamos morrerá entre nós. O senhor é um dos responsáveis por eu estar aqui’) parecem apoiar a opinião de Genoino. A propósito, que conversa foi  essa tão misteriosa que “morreu” naquela ocasião?) A rigor, também permite configurar, sob novo enfoque, a maciça presença de militares em rios setores do governo: uma simbiose de um governo quase-militar, mantidas todas as aparências... 
(Ver também
Villas Bôas revela atuação política do Exército que culminou na eleição de Bolsonaro” – https://www.brasildefato.com.br/2021/02/10/villas-boas-revela-atuacao-politica-do-exercito-que-culminou-na-eleicao-de-bolsonaro

 5 – “Projeto Bolsonaro presidente foi construção de generais” –  Carta Capital – 18 FEV.
“Para o antropólogo [Piero Leirner] [que pesquisa o meio militar há 30 anos, o livro de memórias do general Villas Bôas explicita politização do Exército iniciada durante o governo Lula e o endosso do Alto Comando à candidatura de Bolsonaro. … Quase três anos após um tuíte direcionado ao Supremo Tribunal Federal (STF) na véspera do julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o general Eduardo Villas Bôas revelou que o posicionamento foi redigido em conjunto com o Alto Comando do Exército. A informação, extraída de seu livro de memórias recém-publicado, provocou intensa repercussão nos últimos dias. …  A recente confissão de Villas Bôas,  comandante do Exército entre 2015 e 2019, motivou o repúdio do ministro do STF Edson Fachin, relator do pedido de habeas corpus de Lula na ocasião. Na segunda-feira (15/02), ele afirmou que a postura de pressionar o Poder Judiciário, se confirmada, “é gravíssima e atenta contra a ordem constitucional”. ,,, Leirner identificou um movimento claro de politização do Exército iniciado em 2007, reagindo à homologação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, e intensificado em 2010, quando Lula enviou ao Congresso o projeto de lei que criaria a Comissão Nacional da Verdade (CNV). Na avaliação de Leirner, … Villas Bôas teve papel decisivo nessa guinada, ao alimentar a politização das tropas enquanto mantinha um discurso legalista em público. … Leirner …  afirma que a preocupação dos militares com a soberania da Amazônia serve a um propósito político e tem base exclusivamente retórica, uma vez que é acompanhada por uma postura de indiferença sobre a presença de mineradoras estrangeiras na região. Para o pesquisador, é nítido que o projeto presidencial de Jair Bolsonaro teve endosso consensual dos generais em posição de comando … Fazer campanha dentro de uma Academia Militar, além de ilegal, só pode ser obra de um consenso”, avalia. O projeto Bolsonaro presidente foi uma construção de generais da ativa e reserva que se efetivou a partir de 2014 e teve o aval de todos que  passaram pelo Alto Comando desde então. . … Toda a narrativa de generais que se aproximaram de Bolsonaro é a de que ele foi um acidente que aconteceu em 2018. Mas isso é uma “operação de dissimulação”, para usar a linguagem deles.”

  https://www.dw.com/pt-br/projeto-bolsonaro-presidente-foi-construção-de-generais/a-56614896

Esta matéria foi desdobrada e constituiu-se o objeto principal do encaminhamento deste Desmonte.

6  –  “O decreto das armas é a preparação de um golpe”  – Paulo Pimenta  – 247 – 19 FEV.
“O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) comentou ,,, os decretos editados por Jair Bolsonaro que flexibilizam o comércio de armas e munições no Brasil. Segundo o parlamentar, a medida é a preparação de um golpe. ‘Essa decisão de aprofundar a questão das armas é, na prática, uma maneira de preparar sua base social para uma eventual ruptura institucional. Conversei com várias pessoas, todas elas entendem que esses decretos configuram a mais grave decisão do governo para colocar em risco a ordem democrática do país’, afirmou. Pimenta esclareceu que os decretos afrouxam a fiscalização das armas de fogo e munições por parte do Exército e da Polícia Federal, além de ampliar o arsenal permitido a cada cidadão e flexibilizar as regras para a produção de balas. ‘Esses caçadores, atiradores e colecionadores hoje têm que se registrar no Exército. …  Ele está terminando com isso. Não haverá mais necessidade de registro. Então o Exército não vai mais ter a informação sobre o arsenal que a pessoa tem, só se for mais de 60. E o cidadão comum, esse a Polícia Federal tem que ter registrado.  Ele também está acabando com isso. Hoje são seis armas e vão passar a ser oito. Com esse decreto, ele também está mudando a possibilidade da questão de produção de munição. Hoje, para comprar os insumos necessários para fazer a munição tem que ter registro. Ele está acabando com esse registro’. Para o deputado, a ampliação do número de armas em circulação do país facilitará o armamento de milícias e organizações criminosas, o que, de acordo com o parlamentar, já faz parte do plano de Bolsonaro para um eventual golpe no país….  Boa parte das armas que estão nas mãos dos criminosos são armas que foram de policiais militares, de policiais civis que em determinado momento foram furtadas. Imagina um cara com 60 armas. Vão assaltar a casa e vão levar 40 armas. Na prática, estamos … criando no Brasil uma milícia armada com o benefício de estar sob o manto da legalidade. Isso é muito grave’”.

 https://www.brasil247.com/regionais/sul/o-decreto-das-armas-e-a-preparacao-de-um-golpe-diz-paulo-pimenta

 Concordo com  o risco que representam tais decretos, conforme indicado. Sob o ponto de vista da defesa pessoal, tão valorizado pelos bolsonaristas, só vejo uma vantagem: a possibilidade de alvejarmos oito vezes um eventual assaltante, cada tiro com arma  diferente ... Muito estimaria que fossem deixadas de lado, no caso, eventuais diferenças partidárias e fosse valorizada a preocupação com a Sociedade e seus valores democráticos. O assunto é considerado tão importante que  Raul Jungmann, ex-ministro da Segurança Pública e da Defesa do governo  Temer, enviou  uma carta aberta  (dia 21 FEV) ao Supremo Tribunal Federal afirmando que “a política armamentista do presidente Jair Bolsonaro pode gerar uma guerra civil no Brasil e fazer com que o país repita cenas como a da invasão do Capitólio norte-americano na eleição de 2022” (https://www.conjur.com.br/2021-fev-21/armamentismo-bolsonaro-gerar-guerra-civil-ex-ministro )

7 – “A confissão do general, o governo dos militares e a derrota do chanceler” –José Luís Fiori  – GGN – 21 FEV.
“Com a confissão pública de uma das partes, …  só pessoas menos informadas podem seguir negando o envolvimento direto dos militares brasileiros na operação jurídica e midiática, nacional e internacional, que bloqueou a candidatura e prendeu o ex-presidente Luiz Inácio da Silva em 2018, instalando em seguida, na Presidência da República, um indivíduo que faz que governa o país há dois anos, em meio aos escombros de uma administração calamitosa. Essa conspiração foi ficando cada vez mais transparente com a divulgação das conversas gravadas …  entre os juízes e procuradores de Curitiba”,  apesar de que isto não fosse uma surpresa para os analistas mais atentos que já haviam diagnosticado há muito tempo o verdadeiro papel dos “curitibanos”. Mas agora as coisas mudaram de patamar, com a divulgação da entrevista do Gal Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército ao tempo da “operação Bolsonaro” … Na entrevista, o general explica com suas próprias palavras seu papel e o de seus oficiais do Alto Comando do Exército, na redação e divulgação da sua famosa postagem nas redes sociais, do dia 3 de abril de 2018, em que ele pressiona explicitamente o Supremo Tribunal Federal a não aceitar o habeas corpus impetrado pela defesa do ex-presidente Lula. …Deixa claro e explícito que atuou como Comandante em Chefe de uma instituição do Estado, com apoio de sua alta oficialidade, ao fazer uma intervenção anticonstitucional … E não há dúvida de que a divulgação, neste momento, dessa entrevista também tem a função política de advertir os atuais comandantes das FFAA, de que não tentem lavar as mãos e se afastar do governo. … O presidente não consegue formular uma ideia que tenha início, meio e fim, e parece que tampouco consegue dizer uma frase que não tenha inúmeros “palavrões” e obscenidades; e seu ministro da Saúde não sabe onde fica o Hemisfério Norte, não conhecia o SUS, e ainda não conseguiu entender o que seja uma pandemia, ou ter alguma ideia de como planejar uma campanha nacional de vacinação.  … a maior derrota do governo atual … não foi obra direta de nenhum a desses militares e veio do campo da política internacional, sob responsabilidade de um homem do Itamaraty…. o atual chanceler vê o mundo contemporâneo como uma grande batalha final e apocalíptica entre a civilização judaico-cristã e as demais e “forças do mal” ao redor do mundo, tendo os chineses à frente de todos. … A catástrofe administrativo deste governo de militares, e o fracasso de sua política externa sugerem com insistência que qualquer negociação a respeito do futuro do país deveria começar por dois pontos fundamentais: o primeiro, seria a devolução  dos militares aos seus quartéis e funções constitucionais, …  e o segundo, seria colocar uma pá de cal em cima da vergonhosa política externa deste governo, começando por um novo tipo de relacionamento com os Estados Unidos, sem fanfarronice nem arrogância, mas com altivez soberana  e sem nenhum tipo de vassalagem, diplomática, jurídico ou militar.”

https://jornalggn.com.br/artigos/a-confissao-do-general-o-governo-dos-militares-e-a-derrota-do-chanceler-por-jose-luis-fiori/#_ftn3

Sempre vale a pena ler as avaliações de Fiori, com as quais costumo concordar quase totalmente.

 

Nº 60

O Desmonte do Estado Brasileiro e da Soberania Nacional nº 60

Algumas considerações sobre o impeachment e eventual autogolpe presidencial

Caros leitores,

Estamos vivendo épocas muito difíceis. A uma impiedosa pandemia que já matou mais de 225 mil brasileiros, ainda nos debatemos, algo atônitos, com grave crise econômica e política embricadas, agravando  outras,  de caráter sanitário e social. Para todos os lados que nos viremos só constatamos  grave (criminosa, pelo menos na condução do combate ao covid-19) incúria administrativa e ódio, muito ódio. Para os que amam este grande País onde nasceram, a aflição. Seremos viáveis como grande nação que almejamos e estávamos a ponto de galgar? Ou as dificuldades atuais empurrarão definitivamente o Brasil  para o rol das nações que apenas seguem o que lhes é sugerido ou imposto (das formas mais diversas …)  pelas nações mais desenvolvidas?.

Neste torvelinho, além da preocupação com a saúde, duas questões ocupam a ordem do dia. Refiro-me às questões do impeachment e de um eventual autogolpe presidencial. Muito se lê a respeito. Ora desejo apresentar algumas considerações pessoais a respeito.

De pronto, o reconhecimento de que é temerária qualquer posição peremptória sobre o assunto, Por uma razão simples. Impeachment e golpe estão na dependência da evolução de uma série de fatores cujo conhecimento só seria viável com bola de cristal. Indicam-se algumas dessas variáveis:

    •  Como vai evoluir a crise econômica? Que ela está instalada é um fato, E é quase certo que vá piorar. Chegaremos a ponto de assistir saques em todo o País, beirando a convulsão social? Na eventualidade, iríamos para o Estado de Defesa ou de Sítio (que favorecem Bolsonaro)? O “Mercado” continuará apoiando Bolsonaro? Será concedida uma extensão do auxílio emergencial (que pode servir para atenuar as pressões)? A  greve dos caminhoneiros prevista será capaz de paralisar o País?;
    • Como evoluirá a pandemia e a vacinação no País?  A vacinação terá que ser interrompida por falta de vacinas? Irão repetir-se no País outras mortes por Covid por falta de oxigênio? A cepa nova do Covid que surgiu na Amazônia e outras que já apareceram podem agravar medidas de quarentena. O governo continuará com seu festival de incompetência na  área da saúde  e das relações exteriores, que tem reflexos diretos no fornecimento de vacinas?
    • Quais os desdobramentos da crise política? A população ora começa a ocupar     as ruas, carreatas e panelaços podendo servir de “aquecimento” para  manifestações de massa. E tais manifestações são determinantes. Quem pode esquecer  as Marchas da Família com Deus pela Liberdade” em  1964 e os movimentos de rua  contra Dilma? Em ambos casos, tais manifestações atingiram plenamente os propósitos que  perseguiam.(Não estou considerando aqui, as influências decisivas de origem externa …). Lula terá seus processos anulados pelo STF?  Concorrerá à eleição em 2022?
    • Até quando a mídia corporativa, que defende basicamente os anseios do “Mercado” (privatizações, Estado mínimo, diminuição dos direitos trabalhistas), vai continuar vendo em Bolsonaro  o ator confiável para   a manutenção de seus interesses?

De toda sorte, vamos tentar abordar separadamente os dois aspectos indicados, começando com a possibilidade de uma tentativa de golpe, melhor dizendo, de autogolpe.

Caso as condições políticas venham a tornar-se pouco sustentáveis ou em caso de derrota nas eleições de 2022, é  um caminho que se abre para Bolsonaro e que, acredito, ele não hesitará em adotar, caso entenda que tem possibilidade  de sucesso. (Uma alternativa que se abre é a arguição de fraude nos resultados da eleição, devida ao uso da  urna eletrônica).  Tal entendimento leva em conta as características psicológicas do “mito”, incluindo o  mau exemplo que ficou do comportamento  de seu guru no campo externo  o ex presidente Trump. Dispõe de alguns pontos fortes para tal:

  1. Em primeiro lugar, recorrendo a dados publicados na Carta Capital (nº 1140, de 20 de janeiro p. p.), cerca de 41% dos soldados e 35% dos oficiais das polícias militares, cujo efetivo total é de 426 mil militares da ativa, endossam o discurso de Bolsonaro. Como termo de comparação, lembra-se que o efetivo das FFAA é de cerca de 243 mil homens e, entre elas, o bolsonarismo também cooptou setores subalternos, mormente do EB (chegando a espraiar-se à oficialidade mais antiga a e até a oficiais generais, como se sabe). Nada mal para um oficial que chegou a capitão na carreira e foi acusado de ser autor de um plano visando explodir bombas em unidades do Exército, o que motivou seu julgamento pelo STM … Oportuno, a propósito, a leitura do  artigo Influência de Bolsonaro nas polícias é mais preocupante do que nas Forças Armadas” em anexo;
  2. Graças a diversas medidas recentes de liberação de compra de armas, parte da população, mormente seus seguidores, passou  a dispor  de armamento para “defesa pessoal”, principalmente pistolas calibre 380 e carabinas calibres 357 e 22. Não leio “O Globo”, mas a manchete da edição dominical do dia 31 p. p. induziu-me a adquirir o jornal: “Número de civis armados já ultrapassa um milhão”. No desdobramento da notícia, em duas páginas, lê-se que, passados dois anos da gestão bolsonariana, o  número da cidadãos armados aumentou 65% em relação ao total anterior, graças à prioridade concedida por Bolsonaro à posse de armas pela população, traduzida por dez decretos presidenciais e 14 portarias diversas. Note-se que a  portaria do Exército que assegurava  a possibilidade de rastrear tal armamento foi revogada por ordem presidencial;
  3. A capacidade de mobilização pelas redes sociais já está bem demonstrada, incluindo vários youtubers e  robôs, orientados por um conhecido  “gabinete do ódio” que, pelos indícios já divulgados, opera sob a égide de um dos filhos do presidente o Carlos. Tal estrutura de comunicação instantânea pode servir como poderoso fator de mobilização de grupos armados formados de pessoal subalterno do EB, da PM e de milicianos, se e quando necessário;
  4. Um Congresso, dominado, na Câmara, pelo “Centrão” amorfo e fisiológico é  incapaz de reações mais efetivas em defesa da Constituição e pode ser considerado outro fator que favorece Bolsonaro. Tal inércia ganha mais realce agora, com a eleição do Arthur Lira para a Presidência da Câmara. Sabe o presidente que, pelo Poder Legislativo, tem caminho praticamente livre, afastado (ou no mínimo, muito dificultado) o caminho da aprovação de um impeachment ou de uma ação criminal; e
  5. Finalmente, e de modo surpreendente, mesmo após uma grande sucessão  de atos e declarações descabidos e asnáticos  e de claras demonstrações de incapacidade administrativa e política, já incluindo até incursões em possíveis delitos criminais cometidos por Bolsonaro efamiglia (“rachadinhas”, compra de grande número de  imóveis com dinheiro vivo, ligações próximas e suspeitas com milicianos etc), Bolsonaro ainda tem o apoio de uma parcela da população não desprezível, que pode chegar a 30 %.. Tal apoio vem minguando acentuadamente e tende a diminuir ainda  mais com o início das carreatas que tiveram início em fins de janeiro, mas mesmo assim deve ser levado em conta.
    Do outro lado, o que pode representar oposição aos seus eventuais desígnios de atropelar a Constituição?
    • O  STF (mas uma parcela dele  já  se acovardou em passado mais ou menos recente ante arreganhos do então Comte.  do Exército, gen Vilas Boas);
    • A  maioria da população até agora meio inerte mas que ora começa a dar sinais de vida; e
    • O próprio Exército; mantida a fidelidade constitucional que é esperada dos militares, certamente não poderá ocorrer um golpe de estado, ferindo de morte a Carta Magna. 

De toda a sorte, espera-se que o País não chegue nunca a tal estágio. Mas.  se por grande infelicidade tivermos ocasião de vê-lo instalado, que não atinja, em hipótese alguma, o nível aventado por Bolsonaro em declarações que fez antes de assumir a faixa presidencial, no sentido de que cabia nova revolução no País, caso em que o confronto deveria  “resultar em 30 mil mortos”, “desta feita. fazendo a coisa direito”, em comparação com a Revolução de 64 …

E quanto ao impeachment?

Bolsonaro ora aplica a tática política  de, ao sentir-se  enfraquecido, ir para o ataque  – a  melhor defesa, segundo alguns – buscando com o apoio  do seu “núcleo duro” e da parcela da população que lhe é mais simpática, ameaçar as instituições democráticas. Declarações bombásticas e patéticas servem para desviar a atenção dos problemas mais graves de seu governo. .Mas não é incomum que de tais atitudes decorram  crimes de responsabilidade  e, com isso, aumente o nº de pedidos de impeachment, que ora já totaliza quase 65. Até quando Arthur Lira terá capacidade de manter-se sentado em cima de tal pilha, se  houver crescente clamor público?

Ora está em curso um aumento  da impaciência da Sociedade com Bolsonaro,  com decorrente proliferação de manifestações as mais diversas, todas assumindo posição favorável ao imediato  impeachment. Abaixo, algumas dessas tomadas de posição, incluindo juristas, universitários, jornalistas conhecidos e até de “jornalões” conservadores  de São Paulo:

– “Editorial do Estadão diz que Bolsonaro é ‘inepto’ para o cargo e defende seu afastamento  21 JAN.  https://www.brasil247.com/midia/editorial-do-estadao-diz-que-bolsonaro-e-inepto-para-o-cargo-e-defende-seu-afastamento

–  “Manifesto de juristas e 1,4 mil alunos da USP pede que Maia deixe de lado sua covardia e abra impeachment de Bolsonaro”   23 JAN https://www.brasil247.com/regionais/sudeste/manifesto-de-juristas-e-1-4-mil-alunos-da-usp-pede-que-maia-deixe-de-lado-sua-covardia-e-abra-impeachment-de-bolsonaro?utm 
(
“Se é dever democrático aguardar a próxima rodada eleitoral para cobrar a responsabilidade política de maus gestores, a Constituição nos confere um botão de pânico quando o risco de continuidade de um mau mandato coloca em xeque o funcionamento do próprio Estado e a vida dos nossos cidadãos”)

–  “Carreatas pelo país fortalecem apoio a impeachment de Bolsonaro” –  24 Jan- https://www.brasil247.com/brasil/carreatas-pelo-pais-fortalecem-apoio-a-impeachment-de-bolsonaro?amp=&utm_source=onesignal&utm_medium=notification&utm_campaign=push-notification    –  (“Com as carreatas deste sábado (23), a mobilização nacional pelo Fora Bolsonaro mudou de patamar. As manifestações que ocorreram em todas as capitais do país, além de outras dezenas de cidades do interior, fortaleceram o apoio ao impeachment, que já vinha se tornando pauta frequente com o agravamento da pandemia e as sequenciais irresponsabilidades do governo em agir contra a Covid-19.”)

– “Folha cobra, pela primeira vez, impeachment de Jair Bolsonaro”  24 JAN https://www.brasil247.com/midia/folha-cobra-pela-primeira-vez-impeachment-de-jair-bolsonaro?utm_campaign=os_destaques_da_manha_no_247_em_24121&utm_medium=email&utm_source=RD+Station – (“Descrédito impõe que próximo presidente da Câmara paute pedidos de impeachment”, aponta o jornal da família Frias, em editorial”)

– “Caldo do impeachment de Bolsonaro engrossou, aponta Janio de Freitas”  24 JAN – https://www.brasil247.com/brasil/caldo-do-impeachment-de-bolsonaro-engrossou-aponta-janio-de-janio-de-freitas?utm_campaign=os_destaques_da_manha_no_247_em_24121&utm_medium=email&utm_source=RD+Station – (“Impeachment ganhou mais exposição agora do que em dois anos”, diz o jornalista”)

– “Celso Amorim defende impeachment de Bolsonaro diante do caos em Manaus: é uma incúria absoluta” – 26 JAN  https://www.brasil247.com/brasil/padres-e-pastores-se-unem-e-protocolam-pedido-de-impeachment-de-bolsonaro 
(“
Manaus é a nossa Barcelona quando foi bombardeada, a nossa Guernica. O que está acontecendo lá é um descaso e o governo federal sabia o que ia acontecer”)

papel do Centrão é decisivo para a aprovação de um eventual pedido de impeachment. Como repercutirão eventuais manifestações de massa sobre os “humores” da Câmara? Sabe-se que o Centrão não se caracteriza  exatamente pela lealdade…

Na minha opinião, o País não tem condições de esperar mais dois anos para afastar este insano e genocida do poder. Como indico nos “Desmontes” mensais, vem se acelerando a entrega do País a interesses internacionais ou do “Mercado” que chegam a afetar a Segurança Nacional. O exemplo da Petrobras é gritante. Ver a propósito, no anexo, o artigo  “É impossível retomar o controle do pré-sal depois do desmonte feito após 2014”. A  favor de Bolsonaro, diga-se que ele não fez mistério nenhum de sua intenção de “desconstruir tudo  o que está ai” antes de cogitar de construir algo, E, certamente, a fase de  “construir algo” ainda não chegou….. Interessante indicar que, segundo o prof. Camilo Caldas, Os militares hoje podem assimilar um impeachment de Bolsonaro” (www.brasil247.com/brasil/os-militares-hoje-podem-assimilar-um-impeachment-de-bolsonaro-diz-camilo-caldas).

De fato, reconheço que o impeachment, de certa forma, traduz nossa imaturidade como  nação. Parece claro o apreço que nossa população tem, após sofrer tantas desilusões, com eventuais “salvadores da pátria” e mitos, como Jânio, Collor e Bolsonaro, em todos as casos pessoas que são contra o sistema  político, contra a corrupção  e “contra tudo que está ai” … Mas é a solução constitucional que temos.

Ao final, parece certo que o apoio de grandes concentrações populares é condição indispensável pra dar-se partida a um processo de impeachment. Por outro lado, é evidente a importância do EB como dissuasor de uma eventual tentativa de golpe ou ao contrário, o seu vital apoio  para o sucesso da empreitada – com todo o deslustre que tal papel  acarretaria ao Exército de Caxias, de Rondon  e de tantos outros vultos notáveis de nossa Força Terrestre.

Finalizo tais comentários com a ressalva, dispensável, que tenho perfeita consciência de que apresentei apenas um esboço sobre o assunto.

Verifico que já vai extenso o texto deste Desmonte. Evitando abusar da paciência dos leitores, o documento será  complementado, basicamente, com a indicação de artigos de forma resumida, com o enunciado do título, o link correspondente e comentários  muito breves.

Aceitem o  abraço cordial de  Luiz Philippe da Costa Fernandes

ARTIGOS SELECIONADOS PARA O DESMONTE Nº  60

1 –Pilulas de um governo patético!” – título meu –   datas diversas.

 – Enquanto líderes mundiais se vacinam na frente das câmeras, Bolsonaro impõe 100 anos de sigilo ao seu cartão de vacinação” – 08 JAN.  https://www.viomundo.com.br/politica/enquanto-lideres-mundiais-se-vacinam-na-frente-das-cameras-bolsonaro-impoe-100-anos-de-sigilo-ao-seu-cartao-de-vacinacao.html  Trata-se do segredo de estado mais bem guardado  do mundo!

Com ameaça de Bolsonaro, TSE publica relatórios de auditoria de urnas eletrônicas”  –   12 JAN.    https://jornalggn.com.br/justica/com-ameaca-de-bolsonaro-tse-publica-relatorios-de-auditoria-de-votacao-eletronica/      – “Ameaçando que sem o voto impresso, ‘vamos ter problema pior que os EUA’, ao se referir aos ataques no Congresso dos EUA para o reconhecimento da vitória do ,,, Biden, deixando 5 mortos, Jair Bolsonaro questionou a suposta falta de garantia das eleições nas urnas eletrônicas.”

 “Após meses de incentivo, Ministério da Saúde recua e diz que vermífugo é ineficaz contra Covid-1912 JAN https://www.brasil247.com/brasil/apos-meses-de-incentivo-ministerio-da-saude-recua-e-diz-que-vermifugo-e-ineficaz-contra-covid-19-6mv8murf

– “Bolsonaro manda enfiar cloroquina goela abaixo de pacientes em Manaus para tentar se livrar de crime de improbidade administrativa”  13 JAN. https://www.blogdomello.org/2021/01/bolsonaro-manda-enfiar-cloroquina-goela.html      Mas não vai se livrar tão facilmente, não. É inexorável que vá responder por este e outros crimes após passar o governo (em 2023, se Deus quiser!)

– “Secretários estaduais de Saúde consideram ‘perversidade’ e ‘loucura’ pressão de Pazuello por cloroquina” –  13 JAN. ttps://www.brasil247.com/brasil/secretarios-estaduais-de-saude-consideram-perversidade-e-loucura-pressao-de-pazuello-por- cloroquina

2 – “Influência de Bolsonaro nas polícias é mais preocupante do que nas Forças Armadas” – Alison Matos  – Carta Capital – 14 JAN. “… o Congresso se prepara para votar dois projetos de lei orgânica das polícias civil e militar que restringem o poder de governadores sobre braços armados dos Estados e do Distrito Federal. As propostas trazem mudanças …  como a criação da patente de general, hoje exclusiva das Forças Armadas, para PMs, e de um Conselho Nacional de Polícia Civil ligado à União. … ‘A bolsonarização da polícia é fator de preocupação maior do que nas Forças Armadas, porque essas últimas não são homogêneas. Dentro do Exército, a bolsonarização é maior do que na Marinha e na Aeronáutica, que tem uma postura de maior distanciamento’ diz o professor [Adriano de Freixo]. ‘Por enquanto ainda não se vê dentro das Forças Armadas, a queda da disciplina por causa da bolsonarização’. ,…[a bolsonarização] é mais intensa nos estratos inferiores, que historicamente são a base eleitoral do Bolsonaro … A novidade é o apoio da oficialidade da ala superior … que aderiu ao projeto bolsonarista em meados de 2015 e 2016’. … ‘O que aconteceu nos Estados Unidos é um sinal amarelo para o Brasil pela própria reação de Bolsonaro, que relacionou a não existência do voto impresso a problemas com o voto. Um ponto é: se por um lado há uma bolsonarização dos estratos mais inferiores das Forças Armadas e parte do grupo de superiores, por outro há setores que demonstram preocupação, porque pode levar a uma divisão interna das Forças. Outra questão é: até que ponto as lideranças militares estariam dispostas a embarcar no bolsonrismo e por em cheque a própria institucionalidade da corporação? …  O que preocupa são as forças auxiliares, as polícias militares e os bombeiros militares. …  Bolsonaro e o seu grupo mais próximo têm feito constantes referências à possibilidade de autogolpe. O que aconteceu nos Estados Unidos, … acendeu um sinal amarelo, porque o presidente daqui pode tentar algo caso ele não vença a eleição. Nos EUA, uma democracia consolidada, conseguiram impedir o golpe. A pergunta é: em um País periférico como o Brasil, com uma forte tradição de intervenção das Forças Armadas e instituições desgastadas, será que haveria condições de responder essas provocações? Há motivos para preocupação, sim.’”

https://www.cartacapital.com.br/sociedade/influencia-de-bolsonaro-nas-policias-e-mais-preocupante-do-que-nas-forcas-armadas-diz-professor/?utm_campaign=novo_layout_newsletter_- 14012021&utm_medium=email&utm_source=RD+Station.

O texto reproduz    entrevista concedida por  Adriano de Freixo, professor do  Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense .O tema, pela sua importância, foi escolhido como objeto de maiores considerações, neste Desmonte, juntamente com a questão de um eventual impeachment . O “dedo na ferida” a respeito parece ter cabido a Flávio Dino que, em seu artigo “Flávio Dino: de que lado ficarão as Forças Armadas se Bolsonaro der um golpe?“ (https://www.brasil247.com/regionais/nordeste/flavio-dino-de-que-lado-ficarao-as-forcas-armadas-se-bolsonaro-der-um-golpe. No texto, declaração do deputado bolsonarista Daniel Silveira (PSL-RJ) que  indicou que a extrema direita brasileira poderá seguir um  roteiro golpista:. Perder na disputa, aceitamos, mas para vagabundos ladrões não!.  Pergunta final: o Exército aceitaria a criação de um general PM?

3 – “’É impossível retomar o controle do pré-sal depois do desmonte feito após 2014’, diz José Sergio Gabrielli” – 22 JAN. “’Com as refinarias vendidas, com a BR na mão do setor privado, com a transformação que está ocorrendo no mercado de gás, acho muito difícil voltar àquele patamar de 2010’ disse à TV 247 o ex-presidente da Petrobras”.

https://www.brasil247.com/economia/e-impossivel-retomar-o-controle-do-pre-sal-depois-do-desmonte-feito-apos-2014-diz-jose-sergio-gabrielli

4 – “Abertura de compras públicas a empresas estrangeiras aumenta vulnerabilidade do Brasil” – Carlos Drummond – Carta Capital – 31 JAN. “É a primeira vez que se abre a possibilidade nas três esferas de governo; a companhia compradora não precisa ter empresa constituída no País” . … na contramão da escalada protecionista global,  o governo, cada dia  mais  isolado  do resto do mundo, decidiu aumentar a vulnerabilidade da economia nacional, ao oferecer as bilionárias compras governamentais federias, municipais e estaduais a empresas estrangeiras. É a primeira vez que se abre tal possibilidade nas três esferas do governo, sem que a companhia compradora precise ter empresa constituída no Brasil.”

Trata-se de um passo considerável em prol da desnacionalização da indústria brasileira!

Nº 59

Desmonte Nº 59

Caros leitores/amigos,

Renovo, inicialmente, meus votos de um 2021 mais feliz do que o ano findo.  No campo da saúde, creio que os votos serão atendidos. Afinal, com todos os repiques  devidos a cepas distintas do Covid-19, existe a previsão de que a vacinação tenha  início nos primeiros meses do ano, mesmo após toda a incompetência revelada pelo (des)governo. De fato, há fundadas esperanças de que até lá o ministro “logístico” da  Saúde  tenha conseguido reunir um número  necessário  de agulhas, seringas e vacinas,  à uma … A mesma expectativa favorável não vige nas áreas econômica e política, onde parece que várias frentes frias de razoável/forte  intensidade  vão suceder-se …

O presente Desmonte é apresentado com uma novidade. Propositalmente, certo número de notícias julgadas relevantes consta de forma mais condensada  do que a habitual, sem o resumo correspondente e, em princípio, sem  meus comentários pessoais. Naturalmente,  a vantagem decorrente é a possibilidade de aumentar-se significativamente o número de artigos selecionados no Desmonte, sem maior  aumento de páginas. Em contrapartida, o leitor mais interessado em algum dos temas “resumidos” terá  necessidade de acessar o  link correspondente para obter maiores detalhes sobre a matéria. Tais notícias foram englobadas sob o título abrangente ““Pilulas de um governo patético”. Aparentemente,  as duas formas de apresentação podem coexistir em cada Desmonte, função do teor de cada notícia.

Agradeço algumas contribuições recebidas. Alguns cumprimentos igualmente recebidos foram creditados mais à conta de antigas  amizades do que a eventuais méritos do trabalho realizado de organização e síntese.

Aceitem meu abraço cordial e o agradecimento pela paciência com que acompanharam tais resenhas em 2020.

                                                          Luiz Philippe da Costa Fernandes

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ARTIGOS SELECIONADOS PARA O DESMONTE Nº  59

1 – “Pilulas de um governo patético!
– título meu –  –  datas diversas.

– “Carlos Bolsonaro é citado 43 vezes no inquérito dos atos antidemocráticos” – 04 DEZ. https://www.brasil247.com/brasil/carlos-bolsonaro-e-citado-43-vezes-no-inquerito-dos-atos-antidemocraticos 

Carlos Bolsonaro está sendo investigado como um dos estimuladores de manifestações antidemocráticas.

– “Exclusivo: a Abin paralela dos Bolsonaro” – 12 DEZ.  https://henriquebarbosa.com/2020/12/12/exclusivo-a-abin-paralela-dos-bolsonaro/

“Relatórios produzidos pela Abin para ajudar a defesa de Flávio Bolsonaro estão a indicar que há um aparato clandestino de espionagem e polícia política funcionando nos porões do governo Bolsonaro. No mínimo desvio de finalidade”.

Onde anda  a tão decantada integridade dos Bolsonaros?.

– “Bolsonaro confessa que dinheiro de Queiroz na conta de Michelle era pra ele, e antecipa: ‘O Queiroz pagava conta minha também’” – 16 DEZ. https://www.blogdomello.org/2020/12/bolsonaro-confessa-que-dinheiro-de-queiroz.html  

A Justiça não pode julgar Bolsonaro agora, por crimes anteriores ao mandato. Mas ele  será processado tão logo saia do governo (2023). 

– “Bolsonaro sobre a vacina da Pfizer: “’Se você virar jacaré, é problema seu’” – 18 DEZ.

https://www.dn.pt/mundo/bolsonaro-sobre-a-vacina-de-pfizer-se-voce-se-transformar-num-jacare-e-problema-e-seu-13155253.html

“‘Lá no contrato da Pfizer, está bem claro: nós (a Pfizer) não nos responsabilizamos por qualquer efeito secundário. Se você virar um jacaré, é problema seu’”, disse Bolsonaro, que questionou em várias ocasiões as vacinas e a gravidade da pandemia que já fez quase 185 mil mortos no Brasil. ‘Se você se transformar em Super-Homem, se crescer barba em alguma mulher  aí, ou algum homem começar a falar fino, eles (Pfizer) não têm nada com isso.’”  

São dispensáveis quaisquer comentários adicionais ....

– “Lava Jato queria prender ministros do STF, diz hacker que acessou mensagens de procuradores da força-tarefa” 19 DEZ. https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/2020/12/19/lava-jato-queria-prender-ministros-do-stf-diz-hacker-em-entrevista-a-cnn-brasil 

 Walter Delgatti Neto, responsável por acessar mensagens trocadas entre procuradores do Paraná e o ex-juiz Sergio Moro, afirma  que Gilmar Mendes e Toffoli estavam entre os alvos. A que ponto chegou a Lava Jato! 

Ministros do STF dispensam férias para que Fux não fique sozinho no poder durante o recesso” – 20 DEZ https://www.anoticiacerta.com.br/noticia/2071/ministros-do-stf-dispensam-ferias-para-que-fux-nao-fique-sozinho-no-poder-durante-o-recesso .

 A ocorrência, inédita no STF, dá a medida  da desmoralização do atual presidente do STF!

– “Autoridades repudiam fala de Bolsonaro que põe em dúvida tortura de Dilma na ditadura” – 29 DEZ

https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2020/12/29/autoridades-repudiam-fala-de-bolsonaro-que-poe-em-duvida-tortura-de-dilma-na-ditadura.ghtml

“O presidente disse o seguinte: ‘Os caras se vitimizam o tempo todo: fui perseguido’. Teve um fato aí, … que a Dilma foi torturada e que fraturaram a mandíbula dela. Eu falei: ‘traz o raio-X para a gente ver o calo ósseo’. Olha que eu não sou médico. Até hoje estou aguardando o raio-X’”.

As torpezas e indignidades que o presidente comete sistematicamente parecem dar razão aos que indicam que, longe de representarem atos tresloucados, em impulsos de momento, visam, na realidade, desviar a atenção do País sobre a brutal incompetência de seu governo: ora não temos ainda um cronograma de aplicação de vacinas contra a Covid (quando mais de 50 paíes já a aplicam); faltam inclusive as seringas para aplicá-las, quando disponíveis. 

 2 –Maia diz que Pazuello produz ‘desastre’ na Saúde e militares perderão credibilidade” – 247 – 16 DEZ.

Presidente da Câmara criticou a incompetência do ministro da Saúde na condução da campanha de vacinação contra Covid.  ‘Você vê o desastre que é o ministro da Saúde. Os militares vão perder tudo o que ganharam nos últimos anos de imagem desde a redemocratização’, declarou Maia.  Maia criticou também a declaração do ministro, nesta quarta-feira, de que há ‘ansiedade’ e ‘angústia’ da população para que a vacinação contra a Covid-19 tenha início. … Rodrigo Maia … disse que a logística do Exército, com a qual o general Pazuello é acostumado, é diferente da necessária para a Saúde. … Maia ainda, afirmou que o atual ministro da Saúde ‘pode comprometer muito’ os planos de vacinação no Brasil. ‘Certamente é um ótimo general para fazer a logística do Exército, mas para fazer a logística do Ministério da Saúde é um desastre. …  Era esperado que ele [Pazuello] entregasse respiradores e outros aparelhos necessários para estados e municípios combaterem a pandemia”.

https://www.brasil247.com/poder/maia-diz-que-pazuello-produz-desastre-na-saude-e-militares-perderao-credibilidade

Agora é o próprio presidente da Câmara Federal que revela sua preocupação com a perda de credibilidade dos militares devido à íntima participação no governo Bolsonaro, o gen, Pazuello sendo destacado como exemplo de incompetência no cargo.

3 – “Pré-Sal: Castello Branco defende reservas brasileiras nas mãos de grupos internacionais” – Aepet –  17  DEZ.

“O que Castello Branco chama de ‘bem posicionado no mercado’ significa o Brasil abrir mão da soberania. A Pré-Sal Petróleo SA (PPSA), que administra 17 contratos de partilha de produção, divulgou … que em outubro passado houve aumento de 74% no volume do excedente em óleo da União com origem na Área de Desenvolvimento de Mero, no Entorno de Sapinhoá e em Sudeste de Tartaruga Verde com média diária de 44 mil barris de petróleo nos três contratos. Por outro lado, enquanto a PPSA representa os interesses da União nos contratos, a hierarquia bolsonarista quer mudar as regras de exploração e produção. Roberto Castello Branco, por exemplo, já defendeu a extinção do regime de partilha em várias videoconferências durante esses meses de isolamento social, alimentando os desejos de Paulo Guedes [como] por exemplo, na Rio Oil & Gás – maior evento do setor na América Latina, que aconteceu na primeira semana deste mês em versão totalmente digital. ‘Acho que o arcabouço regulatório para a exploração de petróleo no Brasil tem que ser modificado’, disse … Como exemplo, Castello Branco tem usado o leilão do excedente do volume de petróleo e gás que a União cedeu à Petrobrás, realizado em novembro de 2019, para afirmar que a disponibilidade de recursos naturais no Brasil é uma condição necessária para que o país se posicione bem no mercado. O problema é que o que Castello Branco chama de ‘bem posicionado no mercado’ significa o Brasil abrir mão da soberania e entregar aos investidores estrangeiros toda a riqueza encontrada no Pré-Sal.”

 https://sindipetro.org.br/pre-sal-castello-branco-defende-reservas-brasileiras-nas-maos-de-grupos-internacionais/

A atual política executada na Petrobras  é um verdadeiro crime de lesa-pátria!

4 –Sérgio Camargo sugere que negros cortem seus cabelos:’não tenha orgulho, é carapinha’ – Poder 360  – 18   DEZ.

O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, sugeriu … que negros devem cortar o cabelo. ‘Não tenha orgulho do seu cabelo afro’ disse nesta 6ª feira (18.dez.2020). A manifestação foi feita ao comentar um artigo publicado pelo site UOL intitulado: O que fones de ouvido brigando com cabelo afro dizem sobre diversidade. Em seguida, ele, que é careca, publicou uma foto usando fones de ouvido. ‘Não tenho do que reclamar. Fica a dica’, disse.Sou careca, como todos já devem ter notado. No entanto, caso tivesse, meu cabelo não seria afro. O cabelo do negro é carapinha’.”

https://www.poder360.com.br/governo/sergio-camargo-sugere-que-negros-cortem-o-cabelo/

Desmonte cultural a toda! Lembra-se que este cidadão é o mesmo que excluiu 27 conhecidas personalidades negras da lista de homenageados pela Fundação, incluindo, entre outras, a deputada Benedita da Silva, o senador Paulo Paim, a ex-senadora Marina Silva e os cantores Martinho da Vila, Milton Nascimento, Sandra de Sá. Elza Soares, Leci Brandão, Gilberto Gil e Zezé Miranda. Ver:

 “Fundação Palmares exclui 27 negros de lista de personalidades homenageadas https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2020/12/fundacao-palmares-exclui-27-negros-de-lista-de-personalidades-homenageadas.shtml.

 Posteriormente, o Senado aprovou, por 69 votos a 3, dois projetos de decreto legislativo que suspendem os efeitos da portaria da Fundação Cultural Palmares, a qual excluiu as 27 personalidades negras do rol de homenageados pela instituição.  A matéria  será encaminhada à Câmara dos Deputados.  A  Justiça já mandou readmitir todos eles.

5 – “Senado aprova projeto que regulamenta aquisição de terras por estrangeiros” O Cafezinho  – 18 DEZ.

“… nesta terça-feira (15), o Senado aprovou projeto de lei que facilita a compra, a posse e o arrendamento de propriedades rurais no Brasil por pessoas físicas ou empresas estrangeiras. O PL 2.963/2019 … segue agora para votação na Câmara dos Deputados. … Segundo o texto, os imóveis rurais adquiridos por sociedade estrangeira no Brasil também deverão obedecer aos princípios da função social da propriedade previstos na Constituição … O relator afirma que, até o momento, a aquisição de terras no Brasil por estrangeiro é envolta em controvérsias jurídicas, que transitam em torno da Lei 5.709, de 1971, …  anterior à Constituição federal de 1988. ‘A questão da recepção … da Lei 5.709, pela nova ordem constitucional foi objeto de diferentes interpretações jurídicas ao longo do tempo, o que trouxe muita insegurança jurídica para o setor produtivo, afugentando o investimento estrangeiro e a implantação de importantes projetos para o desenvolvimento de nossa agropecuária e agroindústria’ … , Além disso, o relator explica que … [o projeto acaba] com a distinção entre empresa nacional e empresa nacional de capital nacional. ‘Assim, busca-se promover o tratamento igualitário entre as empresas brasileiras e dos capitais produtivos do país, independentemente de sua origem’ …. Antes do início da votação, o líder do PT …  apresentou pedido de retirada de pauta do projeto, que acabou sendo rejeitado … Ele disse que o texto autoriza a compra de até 25% dos território dos municípios, o que poria em risco a segurança alimentar e a produção de alimentos, além de causar o aumento no preço de terras no Brasil. Jean Paul Prates (PT-RN) disse que o projeto é polêmico, o que exigiria uma discussão mais aprofundada. Em sua avaliação, o texto não estaria maduro para que houvesse uma decisão final do Senado. … Na avaliação do senador Fabiano Contarato (Rede-ES), o projeto promove a internacionalização das terras brasileiras em larga escala, sobretudo das áreas localizadas na Amazônia.”.

https://www.ocafezinho.com/2020/12/18/senado-aprova-projeto-que-regulamenta-aquisicao-de-terras-por-estrangeiros/

Independentemente de qualquer ideologia política, é inegável que a matéria afeta a segurança nacional, possibilitando que estrangeiros e/ou grandes corporações alienígenas incorporem vastas extensões do território nacional, inclusive na região amazônica. Existem ainda importantes questões subjacentes como o aumento do preço da terra. Oportunamente, colhi testemunho muito importante sobre a matéria que vem atribuir-lhe ainda maior relevância.  Observe-se o que consta  no livro  Poder Econômico via Contabilidade (Carlos Feu et al) sobre a nova conceituação  de Comércio Exterior. 

“Na Nova Contabilidade, adotada pelo Balanço de Pagamentos e Contas Nacionais, as fronteiras dos países deixaram de ser determinantes para definir o comércio internacional. Ele passou a ser definido como o comércio feito entre residentes no País e os não residentes. Esta noção também se aplica a ‘unidades de produção’. Se ela é controlada por pessoas que não residem no Brasil ela pode ser considerada ‘não residente’ e o que ela produza dentro das fronteiras do Brasil deixa de ser produto brasileiro. Esta regra já passou a ser aplicada no Brasil, a partir de 2015 e tem  um impacto de 20 bilhões de dólares anuais em nossas contas externas. A venda de terras a não residentes facilita que a produção agrícola, delas proveniente, seja também passível de ser considerada ‘não residente’, para sermos mais explícitos ‘não brasileira’. Se consumida no Brasil, ela pesará em nossas importações, se exportada não fará parte de nossas exportações. Isto só não acontece atualmente porque as instruções do FMI e do Sistema de Contas Nacionais – SCN, excluem deste conceito o produto agrícola”, usando uma interpretação que elude  a lógica do sistema. “Bolsonaro prometeu vetar o Projeto de Lei. O assunto é da maior gravidade e deve ser objeto de análise dos organismos encarregados da Segurança Nacional, bem como… de entidades civis e militares ligadas à Defesa do Território Nacional.”

Os que Querem Vender o Brasil – Economia e Energia (ecen.com.br)

6 – “Marcelo Godoy: Coronéis pedem saída de Pazuello da Saúde e criticam Bolsonaro; sentem as Forças Armadas arrastadas para o abismo
Marcelo Godoy  – O Estado de São Paulo  21 DEZ.

“Após dois anos, eles veem o governo se aliando ao Centrão ou buscando, por todos os meios, livrar o filho do presidente de seu encontro com a Justiça. Há um mês, o  general Francisco Mamede Brito escreveu: ‘O apreço entre as instituições de Estado deve se basear no ideal republicano. Subserviência, fisiologismo e corporativismo não fazem parte desse ideário’.. ,,, Não são apenas oficiais generais, como Santos Cruz, Brito e Sérgio Ferolla que apontam o dedo para o governo. Há também coronéis. Dois deles se destacam: Marcelo Pimentel Jorge de Souza e Péricles da Cunha. … O coronel  [Pimentel]  tem o hábito de fustigar os militares bolsonaristas lembrando-lhes os documentos que alguns parecem esquecer: o Estatuto dos Militares e a Constituição. [Ele]  Insiste na necessidade da preservação da neutralidade, da isenção e do apartidarismo como valores fundamentais da instituição militar e dos militares, que se veem ameaçados pela adesão atabalhoada de colegas ao governo de um presidente que acha bonito dar ao seu povo o exemplo de não se vacinar contra uma doença que já matou 186 mil compatriotas. … [Ainda o coronel afirma que ] ‘O Manual de Logística do Exército Brasileiro é a bíblia do oficial de logística, de cadete a general. Seja de intendência, de material bélico, artilharia, infantaria ou qualquer outra arma, o oficial que planeja apoio logístico — sempre uma atividade-meio e sempre fundamental — deve tê-lo bem estudado!’”. O coronel prossegue afirmando que a “única razão alegada pelo governo para que o general forças especiais (Pazuello), da ativa, oriundo do Serviço de Intendência, seja ministro da Saúde durante a pandemia, em vez de médicos ou políticos, é sua ‘enorme capacidade logística’. O manual EB70-MC-10-238 deveria estar, segundo ele, na cabeceira do gênio da logística que comanda a Saúde do País para as operações de prevenção, tratamento e imunização da covid-19.” A partir dai são apresentadas várias considerações que demonstram que os princípios logísticos básicos  de exequibilidade, flexibilidade, antecipação, integração e simplicidade não  estão sendo seguidos adequadamente por Pazuelllo, desaparecendo, assim, a única razão razoável com que se tentava explicar  sua escolha para a pasta. “Eis um sentimento que parece dominar as manifestações desses oficiais: desgosto. Sentem-no ao verem as Forças Armadas arrastadas para o abismo de quem acha que a ânsia de muitos por se vacinar não se justifica. De quem cria fantasias para insinuar que seus adversários políticos são desonestos, como forma de justificar a incompetência para proteger a vida dos compatriotas.”

Oficiais do EB, Força mais afetada pelo crescente desprestígio que a participação maciça e direta de um grande número de militares no governo Bolsonaro acarreta às FFAA. começam a manifestar seu desconforto e inconformismo com a situação ora criada.

 7 – “Golpe contra Dilma reduz papel da Petrobrás e faz petroleiras globais dobrarem de tamanho no Brasil247  –  30   DEZ. 

Enquanto a estatal brasileira, que investiu em pesquisa e descobriu o pré-sal fica no mesmo lugar, empresas como Shell estão dobrando de tamanho no Brasil – o que foi resultado das mudanças no setor implementadas nos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro. ‘Enquanto a Petrobras prevê manter estável a curva de produção de petróleo da empresa a partir de 2022, o volume produzido pelas demais petroleiras, no Brasil, deve mais que dobrar nos próximos anos. O programa  de venda de ativos da estatal e os novos projetos do pré-sal têm capacidade para incorporar, até 2025, pelo menos mais de 900 mil barris diários ao portfólio de um grupo bastante heterogêneo que inclui desde pequenos produtores nacionais às grandes multinacionais e que produz, hoje, cerca de 780 mil barris/dia’, aponta … André Ramalho. ‘Atualmente, a estatal representa 74% de todo o volume de petróleo produzido no país, de acordo com dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP). Como a petroleira brasileira pretende manter a produção estável, a tendência é que a companhia perca participação de mercado’, informa ainda o jornalista. Segundo ele, em 2025, a participação da Petrobrás cairá para 59% da produção total no Brasil. ‘Atualmente, a estatal representa 74% de todo o volume de petróleo produzido no país, … . Como a petroleira brasileira pretende manter a produção estável, a tendência é que a companhia perca participação de mercado’, informa ainda o jornalista.  Além de entregar o pré-sal para empresas internacionais, o golpe liderado por Fernando Henrique Cardoso, Aécio Neves, Eduardo Cunha, José Serra e Michel Temer também teve como consequência uma gasolina mais cara para os brasileiros e uma redução da produção de equipamentos pela indústria brasileira para o setor de óleo e gás.”eh

www.brasil247.com/economia/golpe-contra-dilma-reduz-papel-da-petrobras-e-faz-petroleiras-globais-dobrarem-de-tamanho-no-brasil

Pela importância da Petrobras, seu desmonte assume papel de relevo em termos  econômicos e políticos (geopolíticos). Repetem-se, nestes Desmontes, artigos a respeito. Aliás, os interessados na matéria terão oportunidade impar de conhecer as explicações da Empresa a respeito de tantos pontos polêmicos que envolvem suas recentes posições de alguns anos para cá em webinar a ser realizado proximamente pelo Centro de Excelência para o Mar Brasileiro. A palavra “explicações” tem sua razão de ser; é bem conhecido o dito “explica mas não justifica” ...

8 – “Sob os escombros, as digitais de um responsável – José Luís Fiori  –  Sul 21   –  31 DEZ. “… a resposta do governo brasileiro à pandemia do coronavírus foi absolutamente desastrosa, quando não criminosa; e seu plano de vacinação massiva da população é um caos … Já são 7,5 milhões de brasileiros infectados e cerca de 200 mil morreram até agora, e as autoridades seguem batendo cabeça diariamente …  E apesar de tudo isso, o general Eduardo Pazuello segue ministro da Saúde, sem entender de pandemias, nem de planejamento, nem de logística. … Por isso, o fracasso frente à pandemia se repete monotonamente em todos os planos e áreas de ação de um governo que se contenta em assistir … à desintegração física e moral da sociedade brasileira, enquanto estimula a divisão, o ódio e a violência entre os próprios cidadãos”.  O autor passa a realçar, em seguida, de forma rigorosa mas absolutamente merecida, alguns aspectos mais importantes do descalabro que nos assola. Aborda o “avanço da devastação ecológica da Floresta Amazônica, da Região do Cerrado  e do Pantanal, com números que vêm provocando um levante mundial contra o Brasil”. Menciona a previsão de queda de 5% do PIB em 2020, “embora o PIB brasileiro já viesse caindo em 2018 e em 2019”. Na sequência, apresenta dados sobre a “taxa de investimento da economia, que foi de 20,9% em 2013, caiu para 15,4% em 2019 e deve cair muito mais no ano de 2020, segundo todas previsões”. Esclarece que para “piorar o quadro de desmonte [grifo meu], a saída de capitais do país, que havia sido de R$ 44,9 bilhões em 2019 – a maior desde 2006 –, quase dobrou em 2020 …  sinalizando uma desconfiança e aversão crescente dos investidores internacionais”. Como consequência, “em 2019 o Brasil foi simplesmente excluído do Índice Global de Confiança para Investimento Estrangeiro que traz o nome dos 25 países mais atraentes do mundo para os investidores estrangeiros” [onde] ocupava a 3ª posição nos anos 2012/2013”. … “o desemprego, que era de 4,7% em 2014, subiu para 14,3% em 2020, e deve seguir subindo no próximo ano. … o país já acumula, em 2020, uma taxa de inflação de 12,14% no preço dos alimentos que afetam mais diretamente o consumo das famílias mais pobres. … E … ao final de 2020, o Brasil … com déficit energético ,,,  importa energia do Uruguai e da Argentina, o que explica a Bandeira Vermelha 2 que começará a pesar no bolso dos consumidores em 2021. … Por fim, como consequência … inevitável dessa destruição física, a economia brasileira [deixou]  de ser a 6ª ou 7ª maior do mundo, na década de 2010, para passar ser a 12ª em 2020 … em 2019, 170 mil brasileiros voltaram para o estado de pobreza extrema, onde já viviam aproximadamente 13,8 milhões, número que deverá crescer exponencialmente depois que terminar o auxílio emergencial …. Indica que o Brasil caiu cinco posições no ranking mundial de IDH, “que mede a ‘qualidade de vida’ das populações … entre 2018 e 2020. No mesmo período, o Brasil passou a ser o país com a segunda maior concentração de renda do mundo, …  e o oitavo mais desigual do mundo … .” Passou em seguida, a abordar “a destruição da imagem internacional do Brasil, conduzida pelo palerma …  que ocupa a chancelaria” não se furtando de relacionar as posições mais condenáveis adotadas na política externa, que acabaram por transformar o Brasil, “na sua gestão, num pária internacional”. … Com tudo isso, os aliados de primeira hora do governo Bolsonaro ora se afastam e “até mesmo o ‘mercado’ parece cada vez mais insatisfeito com o seu ministro da Economia … . Assim, neste momento o governo só conta com o apoio político do submundo fisiológico  … do ‘centrão’ grupo acostumado a apoiar qualquer governo, mas que “nunca teve nem terá capacidade autônoma de constituir ou sustentar um governo por sua própria conta”. O autor chega, agora, ao ponto: “Por isso, depois de dois anos dessa desgraceira …  [a] pergunta: como se sustenta … este governo … apesar da destruição que vai deixando pelo caminho?  … hoje a resposta está absolutamente clara, porque … o que sobrou de fato foi um simulacro de governo militar, …  o próprio presidente e seu vice são militares … Mas além deles, 11 dos atuais 23 ministros do governo também são militares, e o próprio ministro da Saúde é uma general da ativa, todos à frente de um verdadeiro exército composto por 6.157 oficiais da ativa e da reserva que ocupam postos-chave em vários níveis do governo. ,,, são 4.450 do Exército, 3.920 da Aeronáutica e 76 da Marinha [O somatório desses números totaliza  8.446, 2.289 a mais do que o número indicado anteriormente, de 6.157] … Por isso, depois de dois anos fica difícil … tentar separar as FFAA do … Bolsonaro …  Isto posto, o fracasso deste governo deverá atingir pesadamente o prestígio e a credibilidade das FFAA brasileiras, … está ficando absolutamente claro que os militares não foram treinados para governar. Uma coisa são seus manuais …  outra coisa inteiramente diferente são os conhecimentos e a experiência acumulada indispensável para a formulação de qualquer tipo de política pública, ainda mais para se propor a governar um país com o tamanho e a complexidade do Brasil. Além disso, também ficou claro na história recente que a presunção da superioridade moral dos militares é apenas um mito  … não existe caso mais exemplar do fracasso desta crença na superioridade do juízo militar do que o que se passou com o próprio ex-Comandante em Chefe das Forças Armadas brasileiras [o autor quer se referir ao Comandante do Exército] que, autoconvencido de sua ‘genialidade estratégica’ e de sua grande ‘abedoria moral’, decidiu avalizar em nome das FFFA, e tutelar  pessoalmente a operação que levou à presidência do país um psicopata agressivo, tosco e desprezível … No século XX, os militares deram uma contribuição importante para a industrialização da economia brasileira, mas também contribuíram de forma decisiva para a construção de uma sociedade extremamente desigual, violenta e autoritária. …  agora no século XXI, a nova geração de militares, … está se dedicando a destruir o que de melhor haviam feito no século passado. Por tudo e com tudo, parece que está chegando a hora de a sociedade brasileira … devolver seus militares a seus quartéis e suas funções constitucionais. Assumir de uma vez por todas, com coragem e com suas próprias mãos, a responsabilidade de construir um novo país que tenha a sua cara, e que seja feito à sua imagem e semelhança, com seus grandes defeitos, mas também com suas grandes virtudes. Que seja um país altivo e soberano, mais justo e menos violento, que respeite as diferenças e todas as crenças, e que volte a ser mais humano, mais fraterno e mais divertido. … ”

https://www.sul21.com.br/opiniaopublica/2020/12/sob-os-escombros-as-digitais-de-um-responsavel-por-jose-luis-fiori/

Conforme indiquei, o diagnóstico é severo mas   temos que reconhecer –, verdadeiro. A reduzida quantidade de militares da Marinha que ocupam cargos em vários níveis de governo (76)  frente ao montante de militares de outras Forças (4.450 e 3.920), não deve ser  motivo de ilusão para os marinheiros. A população, em geral,  tende a considerar os militares em bloco e tais diferenças quantitativas assumem valor menor. Assim, o fracasso do  atual  (des)governo deverá atingir pesadamente o prestígio e a credibilidade das FFAA brasileiras”, à uma.  E, em 2023, com a esperada e desejada posse de um governo mais alinhado aos anseios da população  e aos reais interesses nacionas, há que cuidar para que algum revanchismo (descabido) venha a afetar  o fluxo desejável  de  verba para a construção de nosso submarino de propulsão nuclear ...

9 – “A ciência no Brasil está a beira do colapso, avalia ex-ministro”
– Maurício Thuswohl – Carta Capital  –   04 JAN
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“… É grande a lista dos estragos promovidos pelo governo de Jair Bolsonaro na Ciência, Tecnologia e Inovação nestes dois últimos anos…. O desmonte [grifo meu] do setor de CT&I no Brasil pode ser medido em números. No orçamento de 2020, o primeiro elaborado pelo governo Bolsonaro, os recursos destinados ao … MCTIC sofreram um corte de 15% (2,3 bilhões de reais) em relação ao ano anterior. Além do corte, 39% da verba destinada ao ministério no ano que se encerra foi alocada como reserva de contingência, podendo ser utilizada em outras áreas pelo governo federal. A situação piora na proposta orçamentária de Bolsonaro para o ano que vem. A previsão de orçamento para o MCTIC em 2021 é 34% menor do que em 2020, chegando ao patamar de 2,7 bilhões de reais, valor que representa menos de um terço do que foi destinado ao ministério há dez anos no último orçamento elaborado pelo governo do ex-presidente Lula. Além disso, aproximadamente 43% desses recursos estão alocados como créditos suplementares. …’ …  A previsão para 2021 é de retroceder quase duas décadas, ou seja, em valores reais a previsão de gastos da União em CT&I se compara aos anos de 2002/2003. O corte dos recursos discricionários no MCTI e MEC é da ordem de 16% sobre os valores de 2020’, afirma Celso Pansera, que foi ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação no governo Dilma Rousseff. O ex-ministro avalia que a ciência no Brasil está próxima do colapso: ‘Tudo se torna mais grave quando falamos em redução de gastos ao longo de diversos anos. A infraestrutura vai se deteriorando, equipamentos ficando obsoletos ou sem condições de uso, as equipes de pesquisadores sendo gradativamente desmontadas por falta de recursos para o pagamento de bolsas. Um cenário desalentador’, diz.” Segundo Pandera, os cortes previstos pelo governo federal para o orçamento deste ano também atingiram em cheio as principais agências de fomento à pesquisa, e “os recursos necessários para grupos de pesquisa, laboratórios, insumos básicos, viagens e editais para novos projetos … os  recursos previstos para a Capes no ano que vem são 28% menores do que aqueles de 2019 …  para as bolsas de pós-graduação diminuíram 10% e …  para bolsas destinadas a programas relacionados com a Educação Básica caíram 28% em relação ao orçamento de 2020”, afirma [uma] carta elaborada [por 19  entidades nacionais do sistema de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação]’ …. ‘Não podemos de maneira nenhuma deixar que se desmonte [grifo meu] um processo que foi uma construção de décadas feita por muitos brasileiros. A ciência é fundamental pelo lado econômico, mas não é só isso. Ela é fundamental para a cultura da nação. As ciências humanas e sociais são essenciais justamente para que a gente possa pensar o mundo e as relações humanas e sociais. Não devem ser deixadas de lado’, afirma Lineu Moreira, presidente da SBPC. As universidades e institutos federais de CT&I são outras vítimas da política de desmonte. Segundo as entidades, os recursos para despesas discricionárias do setor, … vêm caindo desde 2016 … ‘É importante ressaltar que o sistema somente não colapsou em 2020 porque, devido à pandemia, as universidades e institutos ficaram fechados a maior parte do ano e as aulas estão sendo ministradas de forma remota’, diz Pansera.”

https://www.cartacapital.com.br/politica/a-ciencia-no-brasil-esta-a-beira-do-colapso-avalia-ex-ministro/?utm_campaign=novo_layout_newsletter_-_04012021&utm_medium=email&utm_source=RD+Station

Como é por todos admitido, a área de C&T&I,  fundamental e estratégica para  o desenvolvimento e soberania nacionais . não merece prioridade de Bolsonaro, como também não recebeu atenção de Temer. O fato é muito preocupante!

Nº 58

Rio de Janeiro, 6 de dezembro de 2020

Prezados leitores/amigos,

Conforme indicado no Desmonte anterior, a coletânea de artigos ficou de ser encaminhada em mensagem à  parte, o que ora ocorre.

Agradeço as valiosas colaborações e sugestões que venho recebendo.

 Só voltaremos a manter contato em janeiro de 2021, se Deus quiser. Ficam, portanto, meus sinceros votos de um Ótimo Natal e Felizes Entradas, mesmo com toda a quarentena! E muita Paz e Saúde para todos, no ano vindouro!

                                    Abraço cordial do Luiz Philippe da Costa Fernandes

Desmonte do Estado e da Soberania Nacional Nº 58

ARTIGOS SELECIONADOS PARA O DESMONTE Nº  58

1 – “Com diversas despesas em dinheiro vivo, Fernanda Bolsonaro não fez saques da conta ao longo de quatro anos”

Chico Otavio e Juliana Dal Piva –  O Globo   –    11 NOV. “Ao oferecer a denúncia contra o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), o Ministério Público também listou uma série de acusações contra a mulher do ‘01’ e apontou que apesar de o casal fazer diversos pagamentos em espécie as contas deles não registravam lastro para as operações. A promotoria indicou, por exemplo, que a dentista Fernanda Bolsonaro ‘não realizou nenhum saque em sua conta bancária entre os meses de agosto de 2010 e dezembro de 2014, não contribuindo com qualquer quantia em espécie para pagar as contas do casal nesse período’. Ela também foi denunciada por lavagem de dinheiro junto com Flávio e Queiroz. Durante as investigações, os promotores estimaram que ‘o desvio de recursos da Alerj tenha propiciado aos integrantes da organização criminosa acesso a R$ 4,23 milhões’. O valor integral que teria chegado diretamente para Flávio e Fernanda foi considerado ‘incalculável’Os promotores descobriram que o casal usou dinheiro vivo para pagar empregadas domésticas, tributos como ITBI e IPTU, além do plano de saúde e escola das filhas. Para o MP, o volume de pagamentos em espécie realizados pelo casal Bolsonaro no período de 2010 a 2014 é ‘incompatível com os recursos auferidos de forma lícita e declarados à Receita Federal’. … Para os advogados de defesa a denúncia possui ‘erros e vícios, não deve ser sequer recebida pelo Órgão Especial’”.

htps://oglobo.globo.com/brasil/com-diversas-despesas-em-dinheiro-vivo-fernanda-bolsonaro-nao-fez-saques-da-conta-ao-longo-de-quatro-anos-24740913

Não costumo reproduzir nestes Desmontes acusações de ordem mais pessoal. Abro uma exceção no caso, pois ficam evidentes as repercussões políticas, de vez que se trata de acusação  formal,  com provas (destaca-se a existência de provas pois não a havia na condenação de Lula por Moro ...), caracterizando  crime cometido por um filho do Bolsonaro e afetando seriamente  a aura de honestidade virginal com que apresenta Bolsonaro (e família) para a população. Existem indícios, que poderão ser comprovados no devido tempo, que o presidente participou da rachadinha. A “lealdade”“ demonstrada por  Queiroz em sua confissão apenas adiou o desfecho.

2 – “Direita dos EUA financia fake news no Brasil” –  

Isabella Cota e Diana CariboniOutras Palavras   –  11   NOV.Meia dúzia de grupos cristãos vinculados a movimentos de extrema-direita dos Estados Unidos despejaram milhões de dólares na América Latina para promover desinformação sobre a Covid-19 e outras questões de saúde e direitos humanos, revela o openDemocracy. Essas organizações estão entre 20 grupos da direita cristã que gastaram pelo menos US$ 44 milhões (R$ 1,6 bilhões) de ‘dinheiro escuro’ na América Latina desde 2007. Várias estão ligados à administração do presidente Donald Trump. Nenhuma dessas organizações revela a identidade de seus doadores ou detalhes de como exatamente gastam seu dinheiro na América Latina. Muitos não mencionam suas operações latino-americanas em seus sites. … O Senador brasileiro Humberto Costa (PT-PE) acrescentou que ‘essas descobertas confirmam que existe uma rede internacional por trás de ações orquestradas para desinformar e atacar grupos específicos com mensagens de ódio’. … o PRI [grupo americano chamado Population Research Institute]  afirma ter treinado funcionários do CitizenGo, um grupo conservador com sede na Espanha que tem ligações com partidos de extrema direita em toda a Europa. … o diretor do PRI para a América Latina, o peruano Carlos Polo Samaniego, também é membro do conselho da CitizenGo. …  a Sociedade Americana de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP), …divulgou ter gasto pelo menos US$ 2,7 milhões (R$ 15,3 milhões) na América Latina desde 2007. … ‘A desinformação é chave para a tática da direita latino-americana de desmantelar direitos’, acrescentou Thiago Amparo, professor de direito do instituto educacional Fundação Getulio Vargas de São Paulo. ‘Por serem financiadas transnacionalmente, essas táticas de desinformação funcionam como ferramentas disruptivas nas democracias da região’ … A Billy Graham Evangelistic Association (BGEA) é a que mais gasta na América Latina, com um gasto pelo menos [de] US$ 21 milhões (R$ 118,6 milhões) na região entre 2007 e 2014, além de quase US$ 10 milhões (R$ 56,5 milhões) no México e Canadá. A organização é liderada pelo filho do falecido televangelista americano Franklin Graham – um defensor declarado de Trump, que afirmou que Deus esteve por trás das eleições de 2016.”

https://outraspalavras.net/direita-assanhada/direita-dos-eua-financia-fake-news-no-brasil/

O artigo é bem ilustrativo de como entidades extranacionais buscam influenciar a política interna de países da América Latina e os movimentos sociais internos, em prol de interesses alienígenas.

3 – “Agro é tóxico: somos o país que mais consome agrotóxicos no planeta?!” – Antony Corrêa, Jade Azevedo e Lucas SouzaMST

13   NOV. “…  setores da economia e grupos empresariais … comemoram conquistas e lucros neste período [ano de 2020]. É o que acontece com a indústria do agronegócio, que lucrou neste ano de pandemia, enquanto a crise social se aprofunda: de janeiro a julho deste ano, o PIB do agronegócio cresceu 6,75% – uma porcentagem que equivale a R$ 109 bilhões em rendimentos. … . Junto ao crescimento do PIB, as práticas do agronegócio vem sendo favorecidas com a aprovação de centenas de registros de agrotóxicos para fabricação e uso no Brasil. Desde o começo do ano até o fim de outubro de 2020, o governo liberou 343 pesticidas para uso na agricultura. O número – que já é alto – só é menor em relação ao mesmo período de 2019: de janeiro a outubro do ano passado, foram liberados 400 agrotóxicos. Em 2019, o governo Bolsonaro bateu recorde histórico de aprovações, liberando a fabricação, a importação e o uso de 474 produtos. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), aponta que parte dessas novas mercadorias devem ser reavaliadas, pelas possíveis ligações a casos de câncer. Concomitante … as empresas farmacêuticas e que produzem veneno já haviam solicitado a liberação de mais 216 produtos. Como informa a Agência Repórter Brasil (2020), entre os agrotóxicos aprovados estão produtos que foram banidos em outras nações, como o Fipronil, inseticida banido em 2004 na França, o Clorotalonil, banido na União Europeia e Estados Unidos, e o Clorpirifós, banido na União Europeia. Estes dois últimos foram proibidos por afetarem as células favorecendo o aparecimento de câncer, e pela neurotoxicidade que afeta o desenvolvimento humano. As aprovações também foram possíveis pelo fato de serem enquadradas como atividades essenciais durante a pandemia. As licenças para fabricação de veneno se distribuem entre 53 empresas de 11 países. No entanto, … a fome, insegurança alimentar grave, atingiu cerca de 4,6% da população entre 2017 e 2018. São mais de 10 milhões de brasileiros … . Essa pesquisa foi publicada cinco anos depois do Brasil ter saído do mapa da fome. Estatística da qual o país tem se aproximado rapidamente com os desmontes [grifei] da política de segurança alimentar. Outro argumento em favor do agrotóxico, … é que isso representa a modernização da técnica e agricultura. Ao investigar o tema, percebe-se que a aplicação do agrotóxico no agronegócio é mais do que um melhoramento técnico. É uma articulação política e econômica entre latifundiários e indústrias transnacionais químicas e de biotecnologia que trabalham pelo mercado, o que amplia a taxa de lucro e o poder político global desses conglomerados. … a flexibilização da legislação tem aumentado o descuido com a informação e consequentemente a contaminação. Um exemplo recente é o caso do Paraquat, proibido em 2017 pela Anvisa, com o prazo de três anos para a retirada do produto do mercado brasileiro. Em setembro de 2020, o produto deveria ser banido …  Contrariando as suas decisões anteriores a Anvisa cedeu às pressões do agronegócio e autorizou o uso do estoque de Paraquat….  Um marco regulatório da Anvisa de 2019, alterou a classificação de toxicidade dos agrotóxicos, adotando o padrão internacional, com cinco divisões, … Neste novo padrão, são considerados venenos extremamente tóxicos apenas aqueles produtos que causarem morte horas depois do contato ou ingestão pelo indivíduo. Agrotóxicos ‘pouco tóxicos’ não terão mais a advertência de risco no rótulo. Dessa forma, dos agrotóxicos aprovados no início do ano, apenas seis produtos haviam sido classificados como extremamente ou altamente tóxicos. …  As aprovações também foram possíveis pelo fato de serem enquadradas como atividades essenciais durante a pandemia. As licenças para fabricação de veneno se distribuem entre 53 empresas de 11 países. No entanto, diferente de 2019, neste ano, os registros se concentram nas mãos de empresas brasileiras, com destaque a AllierBrasil.”

https://mst.org.br/2020/11/12/agro-e-toxico-somos-o-pais-que-mais-consome-agrotoxicos-no-planeta/

Insisto em divulgar o assunto pois considero criminoso o descaso com a vida humana que vige em nosso País em relação ao emprego dos agrotóxicos. Tudo em função do  aumento do  lucro! O exemplo do que aconteceu com a proibição, em 2017,  do produto Paraquat, com prazo de três anos para sua retirada do mercado é bem ilustrativo.  Na data marcada para o banimento e retirada do produto das prateleiras (setembro de 2020), por pressão do agronegócio,  a Anvisa cedeu e autorizou a continuação do uso! Volta-se ao tema “agrotóxicos” no item 10 desta coletânea.

4 – “Uma parceria de Moro com EUA visou destruir Lula”, afirma defesa”

247  –  17   NOV. Advogada do ex-presidente Lula, Valeska Martins alerta que os EUA viram no Judiciário brasileiro ‘o maior aliado’ para ferir a soberania nacional. Cristiano Zanin Martins destacou o ‘jogo baixo da Lava Jato contra advogados’. Outro defensor, Rafael Valim, disse que o ‘lawfare’, construído contra Lula, ‘é uma modalidade de guerra silenciosa’” . Valeska Martins alertou para a influência dos Estados Unidos na condenação do petista pelo ex-juiz Sérgio Moro. … ‘Após ter descoberto petróleo na camada pré-sal e definido a sua partilha, o Brasil se tornou um alvo dos EUA, tanto é que em 2013 houve uma primeira investida com a espionagem da Petrobras, da então presidente … Dilma Rousseff e membros do alto escalão de seu Governo’, disse. ‘Havia, da parte dos EUA, o interesse de mudar esse jogo e viram no Sistema de Justiça do Brasil o maior aliado para isso. Levámos aos processos como prova disso, por exemplo, um vídeo em que um procurador norte-americano, em uma reunião em 2017 com o então procurador-geral da República do Brasil, afirmou claramente que fez uma aliança com procuradores brasileiros baseada na confiança e fora dos canais oficiais para construir acusações contra Lula’, acrescentou. … Cristiano Zanin Martins afirmou que, ‘para viabilizar essa atuação ilegítima, como é parte do lawfare, conseguiram o apoio de uma parte significativa dos media para promover uma verdadeira campanha visando criar um ambiente artificial de culpa contra Lula’. ‘Uma parte dos media brasileiros dedicou muitas horas de televisão e muitas páginas de jornais e revistas para atacar Lula com base exclusivamente no material que era divulgado pela Lava Jato’, disse. O defensor também alertou que o ‘jogo baixo da Lava Jato contra advogados que cumprem o seu papel não é uma novidade’. ‘Em 2016 a Lava Jato tentou intimidar a defesa técnica do ex-presidente Lula de outras formas. O então juiz Moro chegou até a autorizar a gravação do principal ramal do nosso escritório sob a desculpa de ter-se confundido, para ficar ouvindo as conversas que nós mantínhamos entre advogados e também as minhas conversas com Lula sobre a estratégia de defesa’, disse. … Rafael Valim, … afirmou que o ‘lawfare constitui um novo tipo de guerra, muito sofisticado e menos custoso do que as velhas guerras; não substitui os tanques e as munições, senão que se coloca como uma alternativa ou um complemento muito eficaz para a destruição de inimigos’. ‘Até pelo hermetismo da linguagem jurídica, incompreensível para a maioria das pessoas, o lawfare é uma modalidade de guerra silenciosa, discreta, porém de consequências tão ou mais devastadoras do que as guerras convencionais’.”

https://www.brasil247.com/poder/uma-parceria-de-moro-com-eua-visou-destruir-lula-afirma-defesa

Como escrevi a respeito, em meu facebook: Não se pode enganar todos, todo o tempo ...

Mas Moro e o MPF/Curitiba foram além, muito além. A leitura do livro Vaza Jato, de Letícia Duarte que recomendo   permite conhecer,  em detalhe (pgs 187-200), a trama  urdida visando divulgar uma delação da Lava Jato para interferir na política interna da Venezuela. Sobre o assunto, a pergunta fundamental: o que tem a ver um juiz de 1ª Instância, no Brasil, com a Venezuela? Qual a motivação que está por trás  disso? O interesse foi de tal monta que levou Moro e os procuradores da Java Jato envolvidos a correrem o risco de uma pena de até  dois anos de prisão, conforme previsto  no Código Penal (ao agente público que “revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a divulgação.”). Bem verdade que correram o risco seguros de que nada poderia lhes ser imputado, pois estão acima das leis … Até quando? Até o momento em que voltar a prevalecer no País, em toda a sua plenitude, o estado de Direito. Existem muitas covardias e acomodações a sobrepujar … 

5 – “O secretário decorativo”

Jotabê Medeiros  –  Carta Capital nº 1132  –  18   NOV. “… O ‘gelo’ em Mário Frias é profilático, não é apenas sinal de desprestígio da área cultural entre hostes do bolsonarismo. Frias é desastrado até para padrões do regime bolsonarista. Uma de suas raras escolhas pessoais para integrar a secretaria … uma dentista amiga que pinçou para ocupar um cargo no Centro Técnico do Audiovisual foi destituída pela Justiça  …. por não ter formação para a função.Os cargos mais importante da estrutura da secretaria não são preenchidos por Frias , mas por definição direta do ‘politburro’ de Bolsonaro e quase todos são militares atualmente (dirigem a Funarte, a Casa de Rui Barbosa, estão na Ancine e no Fomento) e não se submetem à pálida autoridade do secretário.  …. Em cinco meses de gestão ele asssinou cinco portarias, das quais três foram canceladas . … Mas nenhum dos delírios do pateta da Cultura vai superar o do último dia 1º deste mês, quando ele postou um vídeo no qual pratica tiro com um dos filhos do presidente, Eduardo Bolsonaro, sob os dizeres  ‘Tiro também é cultura’, no quartel do Bope, no Distrito Federal. … Sem ocupação … Frias vive basicamente de ordenhar o presidente e seus lunáticos filhos. Acredita, certamente, que isto lhe garante uma sobrevida no esquálido cargo que ocupa. Insufla o elogio do boicote às medidas de saúde  pública contra a pandemia, para agradar. … Os ‘auxiliares’  de Mário Frias completam o quadro de desidratação mental do governo. Nesta semana, o destaque de sua gestão foi uma declaração do presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, questionando a negritude de vice-presidente eleita dos Estados Unidos … . Isto certamente ajuda na maltrapilha imagem internacinal do Brasil.”

Não foi localizado o link desta matéria. Não foi anexado o texto, após escaneado, devido ao “peso” que resultaria para a mensagem, Como o leitor já terá percebido, a matéria é sobre o atual seretário de Cultura, Mário Frias que, seguramente, não goza de muito prestígio em Brasília, como também,  e, não por acaso, a área que busca (sem sucesso) conduzir. O artigo revela o desprestígio que ora experimenta a  Cultura Nacional, em processo de acelerado desmonte. 

6 – “Desintegração e desmonte da Petrobrás nos levam ao fenômeno da ‘nigerização e retorno à condição de colônia’”

Roberto Moraes  – Aepet   –  19   NOV. “Ao olhar para a cadeia global do petróleo e sua geopolítica vemos a participação atual do Brasil nesse circuito econômico vivendo um processo de “nigerização”. Não se trata de um menosprezo ao país africano, mas à sua realidade de país exportador da commodity petróleo cru, importador de derivados e que entrega sua maior riqueza mineral para petroleiras estrangeiras e controle de fundos financeiros globais. É um processo instalado em 2016 (após o golpe institucional) e que nos dias atuais se amplia de forma importante. A venda anunciada (apelidada de desinvestimentos) nos últimos dias da venda total e/ou parcial de novos campos de petróleo nos polos de Marlim e Albacora se soma ao que já foi feito antes com entrega de áreas como o campo de Carcará, no colosso do pré-sal. Além de tudo que foi sendo entregue dia-a-dia, como as malhas de gasodutos, refinarias, petroquímicas, distribuidora de petróleo, etc. vão transformando o Brasil em uma nova Nigéria. … segue em velocidade acelerada (por motivos claros) a desintegração da Petrobras com o fatiamento e o desmonte [grifei] criminoso de suas unidades de maior valor, que estão sendo vendidas a preço de final de feira, no momento de baixa do preço do petróleo e ativos do setor. … Junto disso, antes a ANP reduziu as exigências de conteúdo local, o que leva milhares de empregos do Brasil, na medida em que os novos donos destes ativos compram equipamentos, tecnologia, geram empregos e tributos em seus países e não no Brasil. Fato que contribui para um definhamento do circuito econômico do petróleo que chegou a ser responsável por cerca de 13% do PIB do Brasil e mais de 1/3 no ERJ. … E o pior de tudo isso é o fato que esses dirigentes criminosos a serviço dos interesses a quem representam, vão assim deixando para a Petrobras a parte mais onerosa que é a de seguir explorando áreas offshore, águas muito profundas, inovando em tecnologias, equipamentos, protocolos e expertise de técnicos, para depois entregarem tudo de bandeja, a preço de xepa, aos fundos financeiros. Isso é crime de lesa-pátria, não há outro nome. … considerando o porte de nossa produção e do nosso mercado consumidor, bem maior que a da Nigéria, o ‘case’ brasileiro, infelizmente, já permite que o mundo troque o termo ‘nigerização’, pela expressão ‘brasileirização’. O mundo hoje enxerga o Brasil como um caso, em que uma nação opta por retornar à condição de colônia, uma espécie de ‘condado’ ou ‘protetorado’”.

http://aepet.org.br/w3/index.php/conteudo-geral/item/5492-desintegracao-e-desmonte-da-petrobras-nos-leva-ao-fenomeno-da-nigerizacao-e-retorno-a-condicao-de-colonia

Exemplo maior do desmonte de  nossa economia. Pelo texto se verifica que o circuito  do petróleochegou a ser responsável por cerca de 13% do PIB do Brasil e mais de 1/3 no ERJ”. A quantas andaremos agora? Concordo enfaticamente com o autor: configura-se um crime de lesa- pátria. Espero que algum dia paguem por tudo isto!

7 – “Acordo de biodiversidade da ONU é emperrado por ação do Brasil”

Jornal GGN  –  20    NOV. “O orçamento de 2021 ser aprovado é condição para que o secretariado da Convenção de Diversidade Biológica da ONU possa continuar seu trabalho. … E quem impede a aprovação deste documento é a diplomacia brasileira. E com esta trava não é possível preparar a conferência prevista para o final de 2021. … Os fundos já estão garantidos e agora só é preciso que os 196 países partícipes da Convenção aprovem a autorização orçamentária. Dos 196, o Brasil é o único que se opõe. A diplomacia brasileira, …  exigiu que suas discordâncias fossem registradas como nota de rodapé no documento que autoriza o orçamento. No entanto, sem consenso não tem documento, é a norma. O Brasil foi citado em comunicado oficial da presidente da Convenção … como o responsável pelo bloqueio. ‘Eu esperava anunciar que a decisão sobre o orçamento provisório para o ano de 2021 foi adotada. No entanto, devido a um comentário que foi enviado pelo governo do Brasil visando a inserção de notas de rodapé nos projetos de decisão, não foi possível seguir em frente. O comentário constituiu uma objeção à adoção dessas decisões pelos respectivos órgãos’, diz o comunicado. ‘Gostaria de lembrar às partes que a falha em adotar um orçamento antes do final de 2020 resultaria em uma interrupção completa das operações do Secretariado a partir de 1 de janeiro de 2021 devido à falta de autorização exigida pelas regras financeiras. As implicações financeiras e legais de qualquer violação de contratos pode implicar em responsabilidade financeira adicional para as Partes’, continua o documento. A alegação brasileira é pífia: não se deve prosseguir com as negociações em encontros online, pois nem todos os países teriam iguais condições técnicas de participar.”

https://jornalggn.com.br/meio-ambiente/acordo-de-biodiversidade-da-onu-e-emperrado-por-acao-do-brasil/

Mais uma vez, a diplomacia brasileira na contramão do mundo. Não à toa o País já é rotulado de Estado pária, em termos internacionais, Mas nada a estranhar, quando é o nosso próprio chanceler que exalta tal triste “conquista”,  ao afirmar no Itamaraty, em cerimônia de diplomação de  uma turma de diplomatas, dia 22 de outubro p, p,:“É bom ser pária. Sim, o Brasil hoje fala de liberdade através do mundo. Se isso faz de nós um pária internacional, então que sejamos esse pária. (...)”.  A patética declaração tem seus antecedentes, cabendo lembrar que Jair Bolsonaro,  recém-eleito, proclamava ser necessário “liberar o Itamaraty”'. Com base na intenção de Bolsonaro, Araújo arrematou: “era disso que nós precisávamos: libertação", ... (“Araújo: Se falar em liberdade nos faz pária internacional, que sejamos esse pária”  https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2020/10/22/araujo-se-falar-em-liberdade-nos-faz-paria-internacional-que-sejamos-esse-paria.htm ) . Um novo e lamentável exemplo  do posicionamento internacional de  nosso País, de igual ou maior gravidade – “Brasil é o único país a apoiar veto contra a OMS sugerido pelos EUA na ONU” (https://www.brasil247.com/mundo/brasil-e-o-unico-pais-a-apoiar-veto-contra-a-oms-sugerido-pelos-eua-na-onu)  .

8 – “Sem apresentar provas, Bolsonaro diz que foi ‘roubado demais’ na eleição de 2018”

  Ricardo Brito – Terra   –   20  NOV. “‘Alguns falam que eu fui eleito nesse sistema. Fui eleito porque tive muito voto. Fui roubado demais’ …  disse ele, em declarações … transmitidas pelas redes sociais. Em março deste ano, Bolsonaro disse ter ‘provas’ de que a eleição de 2018 foi fraudada  – até hoje não as apresentou publicamente, entretanto. Nas declarações desta sexta, mais uma vez, o presidente não apresentou qualquer evidência que fundamentasse as alegações que fez. Na conversa com os apoiadores, o presidente voltou a lançar suspeitas sobre o sistema de urna eletrônica de votação, após ter havido um atraso na totalização dos votos do primeiro turno das eleições municipais no último domingo. Contudo, segundo o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), … a demora teve relação com a falta de testes em um supercomputador que faz a apuração dos votos, sem qualquer relação com fraudes ou ameaça ao resultado das urnas. Desde 1996, o Brasil adota o voto em urna eletrônica e jamais registrou qualquer episódio consistente de irregularidade no processo eleitoral. Em setembro, o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) declarou inconstitucional a impressão de um comprovante de votação pela urna eletrônica, conforme previa a minirreforma eleitoral de 2015. Apesar disso, Bolsonaro disse a apoiadores esperar ‘resolver isso aí’ e afirmou que pretende articular com o Congresso a aprovação de uma proposta que garanta o voto impresso para as eleições de 2022. Ele já disse por mais de uma vez que será candidato à reeleição. ‘Ninguém acredita nesse voto eletrônico e devemos atender a vontade popular e ponto final’, afirmou, também sem apresentar evidências de descrença da população na urna eletrônica. ‘Tenho certeza que o Parlamento vai resolver, isso é para ser tratado no início do ano que vem, vamos tratar deste assunto aí, a gente vai ter o apoio lá, acho que a maioria quer isso também. Não podemos ter mais eleições complicadas em 2022’ reforçou.”

https://www.terra.com.br/noticias/brasil/sem-apresentar-provas-bolsonaro-diz-que-foi-roubado-demais-na-eleicao-de-2018,808dffbb3f46c3688f33f1ad595ebebadttxg8ep.html 

Sem nenhuma prova, Bolsonaro se apresta a “melar“ o resultado das próximas eleições presidenciais em 2022 (desde, naturalmente, que o resultado lhe seja desfavorável, como se espera). Certamente, mirando-se no péssimo exemplo de seu modelo  político maior no exterior Trump, cujo não reconhecimento da derrota desconsidera as estruturas democráticas daquele país, líder do mundo ocidental.  

Reputo como muito graves as declarações presidenciais, que, a meu ver, não tiveram na mídia a repercussão  que mereciam, Mais uma vez, Bolsonaro  foi longe de mais. E mais uma vez, é muito tíbia (covarde?) a reação das nossas instituições A meu juízo, caberia  uma interpelação do Presidente do STE para que Bolsonaro apresentasse as “provas” que alega possuir. E, caso ele não as  apresentasse, caberia uma ação no STF ou o caminho do impeachment. Nada disso ao menos se esboçou. E assim, para o mundo, a nosso sistema eleitoral é colocado em xeque sem nenhuma reação! Vejam o desplante presidencial: não satisfeito com os bestialógicos que provoca dioturnamente, agora se apresta, com antecedência de dois anos, a lançar suspeição sobre  o nosso sistema eleitoral, na mais importante eleição do Pais, em 2022. Entende-se. A tresloucada posição tem seus antecedentes históricos – alguns bem sucedidos. Ou nos esquecemos todos que  Aécio Neves, após perder a eleição,  com apoio do seu partido, no dia seguinte já buscava derrubar a presidenta eleita? Um pouco mais atrás, no tempo, apenas a posição do gen Lott assegurou  a posse do Juscelino. E que não olvidemos as declarações de Carlos Lacerda sobre Getúlio Vargas: “Não pode ser candidato. Se for, não pode ser eleito.Se eleito, não pode tomar posse. Se tomar posse, não pode governar”.

9 – “Lewandowski volta a determinar que Lava Jato garanta a Lula amplo acesso ao acordo da Odebrecht”

247    –   24 NOV. “O ministro Ricardo Lewandowski … reiterou em decisão desta terça-feira (24) a determinação de que a 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, responsável pelas ações da Lava Jato, disponibilize à defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva todos os documentos relativos aos acordos de leniência do Ministério Público Federal com a Odebrecht. Lewandowski … determinou à 13ª Vara Federal de Curitiba que a defesa de Lula deve ter total acesso às seguintes informações sobre o acordo de leniência: (i) ao seu conteúdo e respectivos anexos; (ii) à troca de correspondência entre a “Força Tarefa da Lava Jato” e outros países que participaram, direta ou indiretamente, da avença, como, por exemplo, autoridades dos Estados Unidos da América e da Suíça; (iii) aos documentos e depoimentos relacionados aos sistemas da Odebrecht; (iv) às perícias da Odebrecht, da Polícia Federal, do MPF e realizadas por outros países que, de qualquer modo, participaram do ajuste; e (v) aos valores pagos pela Odebrecht em razão do acordo, bem assim à alocação destes pelo MPF e por outros países, como também por outros órgãos, entidades e pessoas que nele tomaram parte. O ministro da Suprema Corte também fez uma dura crítica ao Ministério Público Federal, que tenta suprimir o direito de defesa de Lula, garantido pela Constituição. ‘O que mais chama a atenção é que, a cada pedido feito pelo reclamante, no livre e regular exercício das garantias processuais que o texto magno lhe assegura, a acusação, em contrapartida, se insurge contra ‘a insistência da defesa em buscar acesso a documentos que não se relacionam aos fatos está em sintonia com o propósito de procrastinar a tramitação processual’ … . Ora, se os pedidos feitos pelo reclamante no sentido de que lhe sejam afiançadas as franquias constitucionais a que faz jus consubstanciam ‘procrastinações’, seguramente, na visão de determinados integrantes do MPF, melhor seria extinguir, de uma vez por todas, o direito de defesa. Assim, as condenações ocorreriam mais rapidamente, sem os embaraços causados pelos réus e seus advogados.’ Por fim, Ricardo Lewasondwski determinou a intimação da Corregedora-Geral do Ministério Público Federal, para que, no prazo de 60 (sessenta dias), informe se, de fato, inexistem –  ou se foram suprimidos –  os registros das tratativas realizadas pelo MPF de Curitiba com autoridades e instituições estrangeiras, bem assim os concernentes aos demais dados requeridos pela defesa.”

https://www.brasil247.com/brasil/lewandowski-volta-a-determinar-que-lava-jato-garanta-a-lula-amplo-acesso-ao-acordo-da-odebrecht

Até quando a Lava Jato vai continuar entendendo que está acima da Lei, reservando-se o direito de cumprir ou não uma decisão do STF? Tais atos de virtual desobediência ao Supremo desmoralizam nossa Justiça e estão a exigir uma ação enérgica do CNMP!  Era de supor-se que, com a saída de Dallagnol (e do Moro),  o MPF/Curitiba fosse alinhar-se às determinações legais e processuais. Ledo engano! “O  uso do cachimbo deixa  a boca torta” ...Continua-se a presenciar ações de procrastinação a determinações da Suprema Corte! Ora, se Curitiba considera que pode adotar tal  procedimento em relação ao próprio  STF o que entenderá possível fazer em relação a outras determinações legais? No presente caso, trata-se de mais uma comprovação do virtual desmonte da Justiça que certa parcela do MPF e alguns juízes tentam  levar a cabo. Ao final, louve-se a firmeza e a energia do min, Lewandowski. Oxalá todos os demais ministros daquela alta corte  e juízes de instâncias inferiores demonstrassem a mesma determinação!

10 – Governo não divulga dados de 72% dos agrotóxicos, protegendo multinacionais

Hélen Freitas  – iG Mail    –  26   NOV. “Você gostaria de saber quais agrotóxicos estão na sua comida? Pode esperar sentado. A falta de transparência do setor é tão grande que o governo não divulga nem mesmo o volume vendido da maior parte dos agrotóxicos autorizados no país. Mesmo considerando que estes mesmos químicos estão presentes em 3 de cada 10 alimentos testados pela Anvisa. O Ibama … poderia divulgar até qual fazenda comprou qual agrotóxico, … Mas o órgão prioriza o sigilo comercial das fabricantes … É alto o número de agrotóxicos cujas informações são mantidas em sigilo: 232, ou 72% do total autorizado no país em 2018. A relevância para o consumidor também é alta, já que agrotóxicos deste grupo foram detectados em 28% dos alimentos vendidos em mercados e feiras de todo o Brasil. Os dados são exclusivos e foram obtidos … por meio da Lei de Acesso à Informação. A equipe obteve os nomes dos químicos que não têm informações divulgadas e buscou esses ingredientes na base de dados …da Anvisa, que agrega testes em vegetais e frutas de todo o país entre 2017 e 2018. …Os produtos que não têm dados divulgados correspondem a 46% de todos os agrotóxicos detectados na comida do brasileiro. Para …. especialista em alimentação saudável do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), isso demonstra que eles têm relevância no mercado nacional. ‘Especificamente no Brasil, que faz o uso massivo e crescente de agrotóxicos, o mínimo que deveríamos ter é transparência. É fundamental que a sociedade tenha acesso a informações sobre os agrotóxicos para que possam ser feitas as cobranças para monitoramento e análise’. São 56 os agrotóxicos cujos dados não são divulgados e que foram encontrados nos alimentos testados pela Anvisa. A reportagem levantou quais são as empresas detentoras dos registros que autorizam a fabricação destes produtos, descobrindo que estão concentrados nas mãos de três multinacionais. A Bayer foi a campeã de registros, tendo em sua carteira 11 substâncias do grupo. Dividindo o segundo lugar, ficaram a Syngenta e a Basf, sendo que esta é a única titular da Piraclostrobina, … . As três multinacionais são donas de 52% dos registros do grupo de 56 agrotóxicos cujas informações não foram publicadas e que estão nos alimentos. … O Ibama argumenta que o volume de agrotóxicos cujos dados não são divulgados representa ‘apenas 10%’ do volume total vendido [e] a decisão de não divulgar as informações é amparada pelas Leis nº 9.279/96 e 10.603/2002. Essas informações, interpretadas como objeto de segredo industrial e comercial, poderiam ser utilizadas por suas concorrentes para conquistar clientela …. ‘. Não é só porque está baseado em uma lei que não pode ser questionado [o segredo industrial e comercial], inclusive, judicialmente’, afirma a advogada Naiara Bittencourt. Ela defende que há outros princípios legais que podem colocar em xeque os argumentos utilizados pelas empresas e Ibama. ‘Você tem de um lado o princípio do sigilo comercial e da concorrência desleal e do outro lado o acesso à informação. Cabe ao judiciário decidir. De fato, na nossa ordem constitucional o que deveria prevalecer é o direito à vida, o direito ao meio ambiente, à saúde do consumidor’. ‘Não ter isso tem um impacto gravíssimo’, afirma a médica sanitária Telma Nery. ‘A gente pode estar com casos de problemas de saúde que têm relação [com essas substâncias], e a gente não consegue estimar, porque não se sabe qual é essa quantidade e as culturas que estão utilizando’.”

 https://economia.ig.com.br/2020-11-26/governo-nao-divulga-dados-de-72-dos-agrotoxicos-protegendo-multinacionais.html?utm_source=pushnews&utm_medium=pushnotification

Em resumo; estamos sendo envenenados, sempre que ingerimos nossos alimentos e não temos o direito  de saber, ao menos, o nome dos venenos, por força de segredos industriais  e comerciais envolvidos! Ah, então está bom ....    

Nº 57: Alguns comentários ao final da metade do (des)governo Bolsonaro

O Desmonte do Estado Brasileiro e da Soberania Nacional nº 57 Algumas considerações ao final da metade do (des)governo Bolsonaro

Prezados leitores/amigos,    

Este é o último Desmonte do ano. Momento de fazer um balanço sobre o governo Bolsonaro, quando falta menos de mês para completar a metade de seu mandato. E, forçoso é reconhecer, os resultados são magníficos! A adjetivação não se refere, evidentemente, a todos os que tem bom senso, mas aos adeptos fanatizados do capitão. Justifico: em memorável jantar na residência oficial do embaixador do Brasil em Washington, em março de 2019, que contou entre os convivas com representantes da extrema-direita americana e personalidades “notáveis” como Steve Bannon e Olavo de Carvalho, Bolsonaro apresentou, com muita clareza, o que talvez se constitua a preocupação maior de seu (des)governo: ele veio para “desconstruir muita coisa”, antes de cogitar de “construir coisas para o nosso povo”. Para tal, escolheu com extremo cuidado os auxiliares mais diretos que iriam auxiliá-lo na “patriótica” empreitada. Foram assim selecionados, para o primeiro escalão, entre outros, Ernesto Araújo, para as Relações Exteriores; Paulo Guedes, para a Economia; Ricardo Salles, para o Meio Ambiente;  Eduardo Pazzuello, general intendente da  ativa, para a Saúde (em 3ª escolha);  e Damares Alves para a Igualdade Social. Para a Secretaria da Cultura, Mário  Frias  já é o quinto secretário, o que dá a medida da importância atribuída à área. Tal secretário, aliás, deu posse a Sérgio Camargo como presidente da  Fundação Cultural Palmares, em substituição ao secretário anterior, demitido por apologia ao nazismo. Mas o atual não fica atrás: para ele, o movimento negro é constituído por uma “escória maldita”, formada por “vagabundos”. É inegável a dedicação com que todas as personalidades indicadas, inspiradas no seu grande líder Bolsonaro, “desconstruiram” as áreas sob suas responsabilidades!

 Após dois anos de governo, cada Desmonte poderia ser esquematizado, de forma mais direta, indicando o nome de cada um dos ministros acima citados e as estultícias que cometeram no período mensal anterior. (Com mais um acréscimo referente a Moro/Dallagnol/Lava Jato …). Naturalmente, a lista  seria sempre encabeçada pelo capitão-presidente, por motivos óbvios … Aliás,  em minha opinião, as estruturas do País já foram de tal forma afetadas que será necessário um bom tempo, após 2022,  para a “remontagem”.

.Sinais alvissareiros no ar: o guru inspirador de Bolsonaro  o indescritível Donald Trump, caiu nos EEUU, após muito espernear. Com isto, vai acentuar-se o status de pária internacional assumido pelo nosso País, sob a dupla Bolsonaro/Salles, a que foi conduzido  por certas posições assumidas nos mais importantes foros internacionais, em alinhamento vergonhoso e humilhante aos interesses dos EUA. Aliás, reproduzo um comentário jocoso que colhi não mais lembro onde: Bolsonaro e Salles passaram a pertencer à  categoria dos “espalha-rodinhas”, vale dizer que, aonde quer que se aproximem de um grupo de participantes em uma reunião internacional, como por milagre, a “rodinha” se desfaz de imediato…

 Outro sinal alvissareiro: os resultados das eleições municipais. Várias análises já foram apresentadas a respeito, Cabe, aqui,  destacar que elas  demonstraram cabalmente que a propalada grande popularidade de Bolsonaro consistia uma fantasia, a ponto dos candidatos passarem a buscar desvencilhar-se de seu apoio. Achei significativo o fato de que dos 78 candidatos que buscaram “carona” no sobrenome Bolsonaro (incluindo, dessa feita legitimamente, uma ex-mulher e outros parentes) em suas identidades eleitorais, apenas um conseguiu eleger-se – o seu filho Carlos (mesmo assim com cerca de 35 mil votos a menos do que na eleição anterior). Dos 11 prefeitos indicados por ele no 1º e 2º turnos, apenas dois se elegeram e dos 59  indicados para vereador, em transmissões ao vivo, apenas nove foram eleitos!  Nota-se, no total, uma tendência do eleitorado migrar da extrema-direita para a direita/centro-direita/centro. Será que vai continuar tal tendência nas eleições de 2022 pendendo os eleitores para a centro-esquerda/esquerda (mantida a importância do centro)?

 Mas existem outros indícios  preocupantes  para Bolsonaro:

– uma grave crise social que se avizinha, a reboque do coronavirus, ao final do auxílio emergencial de R$ 600,00. (Lembra-se que, acordo Guedes/Bolsonaro, inicialmente, tal auxílio seria apenas de R$ 200,00!). Segundo vários especialistas, a segunda onda da Covid assumirá aspectos mais graves do que a primeira;

– a evolução de casos na Justiça envolvendo seus filhos e chegando a  respingar nele;

– a posição mais direta que a China começa a adotar em relação às repetidas ofensas divulgadas por Eduardo Bolsonaro (incrível como pareça, presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara!), com algum respaldo do pai-presidente, pelos canais sociais (China, origem da Covid; tecnologia 5G chinesa visando espionagem em outros países). No caso, refiro-me mais especificamente aos prejuízos previsíveis às nossas exportações. As ofensas de Eduardo  tiveram respaldo do Itamaraty (“Ernesto Araújo ataca novamente a China e ameaça economia do Brasil  https://www.brasil247.com/poder/ernesto-araujo-ataca-novamente-a-china-e-ameaca-economia-do-brasil?utm_campaign=os_destaques_da_noite_no_247_em_281120&utm_medium=email&utm_source=RD+Station), o que eleva a questão a nível de governo;

– uma ação  efetiva de Biden de retaliação comercial em função do problema ambiental na Amazônia (“Na agenda ambiental, Biden colocará muita pressão sobre o Brasil, diz Amorim”  https://www.brasil247.com/mundo/na-agenda-ambiental-biden-colocara-muita-pressao-sobre-o-brasil-diz-amorim?utm_campaign=os_destaques_da_manha_no_247_em_291120&utm_medium=email&utm_source=RD+Station ). Tal possibilidade aumenta  no momento em que, segundo dados do Inpe, “este ano, foram identificados 69.527 focos de calor só na Amazônia, 13% a mais do que o registrado em todo o ano passado, que já havia sido o pior resultado em mais de uma década”.  (“Na ONU, discurso de Bolsonaro tenta explicar desastre ambiental brasileiro” – https://www.brasildefato.com.br/2020/09/22/na-onu-bolsonaro-tenta-explicar-desastre-ambiental-brasileiro ) ;

–  a decisão sobre a tecnologia 5G a ser adotada no País, verdadeira escolha de Sofia, prevista para ocorrer em 2021. Se escolher a versão ocidental, o governo irá afetar seriamente os interesses chineses, principal parceiro comercial do País, podendo deslanchar a diminuição das exportações, com sérios reflexos em uma economia já combalida. Se decidir a favor da China, irá agravar-se o desagrado americano no campo ambiental;  e

– uma possível atuação mais efetiva das forças  de oposição,  animadas com o esboço de coordenação a que chegaram a atingir na  eleição para a Prefeitura de São Paulo (Lula&Ciro& Dino&Marina).

 É o caso até de imaginar-se que, sob o impacto de tais condicionantes e com o aumento previsto de crescente da rejeição a Bolsonaro, o novo Presidente da Câmara que for eleito venha a aceitar, finalmente, um das dezenas de pedidos de impeachment que se acumularam naquela Casa sob Rodrigo Maia. Ou mesmo que, pelo mesmo motivo, prosperem no STE os processos contra a chapa Bolsonaro/Mourão. Ao que consta, provas existem.

 Bom, cabe parar por aqui, mesmo porque não se tem a pretensão de apresentar uma  avaliação política mais elaborada.

A coletânea de artigos  selecionados é mostrada no Desmonte Nº 58

Aceitem o cordial abraço de

                                                                Luiz Philippe da Costa Fernandes

 

Artigos selecionados Desmonte Nº 56

ARTIGOS SELECIONADOS PARA O DESMONTE Nº  56

1 – “O pai do pré-sal  lamenta: ‘a Petrobrás acabou’” – Entrevista com  o geólogo Guilherme Estrella –  Sindipetro   –   05  OUT. “O geólogo Guilherme Estrella, ex-diretor de exploração e produção da Petrobrás e considerado o ‘pai do pré-sal’, alertou para os prejuízos causados ao País com a venda de empreendimentos da estatal. De acordo com o ex-dirigente, ‘estamos vendendo ativos, sendo esquartejados não para o capitalismo produtivo. O que estamos sofrendo é uma privatização ligada à faceta que hoje domina o capitalismo, que é o financeiro’. ‘A Petrobrás acabou. O nome da Petrobrás hoje é Petrobrax. A nossa Petrobrás acabou. Está de costas para o Brasil. Não tem mais interesse no Brasil, a não ser tirar muito dinheiro, tirar recursos daqui e exportar recursos. Nós estamos com a Petrobrax, que é a Petrobras que estava lá no governo FHC’, afirmou Estrella … Segundo o ex-diretor, ‘tudo que estamos enfrentando é produto do governo Fernando Henrique Cardoso, que fez um governo criminoso em relação aos interesses brasileiros, com a abertura da Petrobras na Bolsa de Nova York’. ‘Hoje em torno de 60 a 70% dos acionistas são estrangeiros. Isso significa que até 70% dos lucros é dirigido a esses grupos, que são financeiros. Esse governo que está aí e desde o golpe de 2016 é ligado a esses capitalistas’, continuou. ‘Se vende os ativos da Petrobrás e se fica com um filé mignon –o pré-sal, com poços que produzem 30 mil barris por dia e têm o mercado do Rio e São Paulo em frente, 300 km. O restante da Petrobras não existe mais’, acrescentou. “

http://www.sindipetrolp.org.br/noticias/27885/o-pai-do-pre-sal-lamenta-quota-petrobras-acabouquot

A conclusão óbvia não é de agora: nossas lideranças  –  mormente as atuais – não tem nenhuma visão geopolítica e geoestratégica. Renderam-se ao “deus mercado” e toca a fazer dinheiro de qualquer forma, de preferência a mais rápida  possível,  para beneficiar acionistas, como indica Estrella, na maioria estrangeiros. Estamos dilapidando o nosso maior  capital econômico  que, nos tempos de Lula, estava previsto  para tirar defnitivamente o País da ignorância  e da pobreza. Melhor dizendo, do subdesenvolvimento. Engraçado como, no governo de um ex-metalúrgico, tivemos uma fase de valorização geopolítica e geoestratégica que não ocorreu sob a presidência de luminares, Fernando Henrique à testa…

2“A cultura vai à guerra ” – Jotabê Medeiros – Carta Capital nº 1126 –  07 OUT. “Sempre o mesmo, Bolsonaro chama fardados para um ministério em lugar de intelectuais.”

Em resumo, o que interessa do texto do artigo indicado:  o novo diretor-executivo da Fundação Casa de Rui Barbosa, “a mais antiga instituição de referência literária e pesquisa  intelectual do País, desde os anos 30 em atividade”  é um capitão de mar e guerra. Na Agência Nacional do Cinema (Ancine)  é outro capitão de mar e guerra o Superintendente de Prestação de Contas. “O governo ainda entregou a  Fundação Nacional de Arte (Funarte) a um coronel do Exército da reserva”. … Mas poucas nomeações chamaram tanta atenção quanto a do oficial da reserva Eduardo Zarat como Diretor do Departamento de Promoção da Diversidade Cultural da Secretaria Nacional de Economia Criativa e Diversiadade Cultural.”  O nomeado “é especialista em defesa aérea, conforme apregoa” ….  “Os bolsonaristas elevaram um capitão da Polícia Militar da Bahia … ao posto de secretário de Fomento e Incentivo  à Cultura … “ . Ainda sobre a presença crescente de militares no governo ver “Bolsonaro nomeia três militares para direção de agência de proteção de dados – https://revistaforum.com.br/politica/bolsonaro-nomeia-tres-militares-para-direcao-de-agencia-de-protecao-de-dados/. Dos cinco nomeados, três são militares. No subtítulo. a notícia indica que, além do Brasil, apenas Rússia e China também têm militares em órgãos responsáveis pela proteção de dados e internet”.

3 – “Anvisa libera o agrotóxico proibido” – Maíra Mathias e Raquel Torres  –  OutraSaude – 08 OUT. “Paraquate não poderá mais ser fabricado ou importado — mas os estoques atuais serão despejados na comida. Veneno pode provocar Parkinson e mutações.. … Há apenas três semanas,  a Anvisa decidiu que ele seria banido do país a partir do dia 22 de setembro. Mas, como comentamos por aqui, naquele momento fabricantes e grandes produtores já faziam lobby para garantir que pudessem continuar usando o produto que restou em seus estoques. Um detalhe precisa sempre ser lembrado: ninguém foi pego de surpresa pelo banimento, que já estava previsto para este ano desde 2017. As compras foram feitas apesar da proximidade da data – e com a tranquilidade de quem sabia que não perderia dinheiro. A flexibilização veio ontem na reunião da diretoria colegiada da agência. E foi fácil: cinco votos a favor, nenhum contra. O pedido partiu do Ministério da Agricultura, por meio de um ofício ao diretor-presidente da Anvisa, o almirante Antonio Barra Torres. E a justificativa foi que a retirada do veneno poderia aumentar os custos de produção e o preço final dos alimentos para a população brasileira… “

outraspalavras.net/outrasaude/lobbyempresarialsabequepodecontarcomanvisa/

Junto à opinião pública, o desgaste dos militares  devido à sua participação na alta administração federal só pode tender a acentuar-se. Certamente, a imprensa não vai dar tréguas à divulgação de notícias deste tipo.

4 – “Nassif diz que pacto entre Bolsonaro e instituições é a maior ameaça à história do Brasil” – 247  –  11 OUT. “Jornalista avalia que filhos do presidente serão protegidos, prevê a destruição do estado brasileiro e de sua rede de proteção social e a liberação de atividades, como os cassinos, que serão operadas pelas milícias”. “A pactuação entre Jair Bolsonaro e as chamadas instituições, que vem sendo comemorada por alguns setores da sociedade, representa uma grande ameaça. … Nassif listou sete movimentos: 1 –   Bolsonaro garantirá a legitimação de quem foi eleito pelo voto, dentro do conceito de democracia mitigada. Tentará a reeleição recorrendo a práticas populistas, mas persistindo no desmonte [grifo meu] de todas as políticas públicas…. 2 – O Supremo facilitará o trabalho do Estado profundo, atuando como agente moderador de alguns excessos – na questão do meio ambiente e nos ataques do gabinete do ódio. Mas será essencial para manter a oposição manietada e Lula fora do jogo. E também como avalista final de todas as loucuras ultraliberais e do desmonte [grifo meu] de todas as redes de proteção social … . 3  –  Tribunal Superior Eleitoral, Polícia Federal e Tribunal de Contas da União também poderão ter papel relevante na inviabilização da oposição … 4 – O centrão terá à sua disposição Ministérios inteiros, de porteira fechada. 5 – Se passar a reforma administrativa proposta, o governo terá à sua disposição milhares de cargos para barganha política. 6. O mercado terá o desmonte [grifo meu] do Estado, o esvaziamento das políticas sociais e os grandes negócios com as privatizações, através do mantra das ‘reformas’. 7.  As Forças Armadas terão aumento no orçamento e um amplíssimo mercado de trabalho no setor público para militares da ativa e da reserva. Militares ocupando cargos estratégicos na máquina pública, abrirão  mercado para lobistas atuando junto ao setor privado … Ele também afirmou que Bolsonaro terá plena liberdade para prosseguir com seis políticas destrutivas: 1 – Desmonte [grifo meu] da política educacional. 2 – Esvaziamento dos órgãos de financiamento da ciência e tecnologia. 3 – Abandono de todas as políticas inclusivas, de saúde ou de educação, e entrega de verbas públicas a instituições religiosas ou particulares especializadas em explorar a deficiência. 4 – Desmonte [grifo meu] das políticas culturais. 5 – Desmonte [grifo meu] dos sistemas de fiscalização ambiental.. 6.  Abertura de mercado para milícias, indústria do lixo, indústria de armas, cassinos e outros setores associados.”

https://www.brasil247.com/midia/nassif-diz-que-pacto-entre-bolsonaro-e-instituicoes-e-a-maior-ameaca-a-historia-do-brasil

Dei-me a trabalho de grifar a palavra “desmonte”, quando aparece no texto. E foram cinco ocasiões! Nassif é jornalista experiente. Quando possível, dou  destaque a avaliações da conjuntura política, em sentido mais amplo, como é o caso. Creio que o cenário apresentado deixa de levar em conta algumas reações possíveis da Sociedade como um todo, senão do próprio Congresso e, quem sabe, alguma surpresa por parte do Supremo (malgré Fux …)

5­­­­“’Efeito Bolsonaro’ aumentou casos e mortes por coronavirus no Brasil, aponta estudo”  – 247  –  13 OUT. Pesquisadores identificam em estudo o ‘efeito Bolsonaro’ na propagação da pandemia do coronavírus. Há uma correlação entre a preferência pelo presidente Jair Bolsonaro e a expansão da Covid-19, segundo estudo da UFRJ realizado em parceria com o IRD. Segundo a pesquisa, para cada 10 pontos percentuais a mais de votos para Bolsonaro há um acréscimo de 11% no número de casos e de 12% no número de mortos. … Outras instituições constataram o mesmo, como em um trabalho feito por pesquisadores da UFABC (Universidade Federal do ABC), da Fundação Getúlio Vargas e da USP (Universidade de São Paulo). Esse estudo concluiu que em praticamente todas as ocasiões em que o presidente minimizou a pandemia, a taxa de isolamento social no Brasil diminuiu e mais pessoas se contaminaram e morreram, proporcionalmente, nos municípios em que Bolsonaro obteve uma melhor votação na eleição de 2018.”

 https://www.brasil247.com/brasil/ao-minimizar-covid-19-bolsonaro-influencia-seguidores-e-provoca-alta-no-contagio-e-nas-mortes-segundo-pesquisa?amp=&utm_source=onesignal&utm_medium=notification&utm_campaign=push-notification

A comprovação de uma irresponsabilidade criminosa!

6 – “Vaza Jato: Dallagnol fez pressão sobre Judiciário para ter juiz ‘amigo’ no lugar de Moro” – 247  – 13 OUT. “Em mais um capítulo da Vaza Jato, novas mensagens revelam que o procurador Deltan Dallagnol fez pressão sobre um Poder independente, o Judiciário, para conseguir a indicação de um juiz ‘amigo’ à frente da Lava Jato, depois da saída de Sergio Moro. …  MP nunca havia feito pressão do tipo sobre o Judiciário. … As articulações estão explícitas em duas mensagens de áudio do então coordenador da força-tarefa, o procurador Deltan Dallagnol. Nelas e em várias mensagens de texto trocadas pelo Telegram em janeiro de 2019, ele elenca os principais candidatos à vaga de Moro, elege os preferidos da força-tarefa e esboça o plano em andamento para afastar quem poderia ‘destruir a Lava Jato’, na opinião dele.Quando Moro abandonou a carreira de juiz, em novembro de 2018, … deixou vaga a cadeira de responsável por julgar os processos da Lava Jato na primeira instância. A sucessão ou substituição de um magistrado é um processo comum no poder Judiciário, que tem autonomia para decidir – obedecendo a um regimento interno. O que é no mínimo incomum, nesse caso, é a pressão e a interferência de um órgão externo, o Ministério Público Federal. Em mensagens de texto e áudio, Dallagnol também pede a colegas familiarizados com o presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região … responsável pela Justiça Federal do Paraná, que tentassem ‘advogar’ junto a ele por uma solução que agradava à força-tarefa. A ideia compartilhada por Dallagnol e por juízes federais do Paraná era colocar três magistrados na posição de assessores de um quarto, o veterano Luiz Antônio Bonat …  . O plano articulado para montar o time de juízes acabou por não sair do papel, mas o principal foi feito: Bonat foi convencido a disputar a vaga. …  Nas conversas, fica claro que o juiz resistiu a entrar na disputa e que ele foi convencido a concorrer por colegas e procuradores que ‘estavam preocupados’ com a vitória iminente de alguém visto com desconfiança pela Lava Jato: Julio Berezoski Schattschneider, um juiz que atuava em Santa Catarina. …  Em viva voz, o procurador [Dallagnol] faz duas grandes confissões. Juízes federais alinhados à Lava Jato ‘estavam preocupados’ com a possibilidade de que Schattschneider ficasse com a vaga de Moro, … Entregamos a transcrição integral dos áudios e um resumo cronológico detalhado das mensagens de texto ao TRF4, à Justiça Federal do Paraná e ao MPF. Aos órgãos do Judiciário, perguntamos se ..  o tribunal não considera que as conversas narradas por Dallagnol são uma interferência indevida no Judiciário e fizemos o mesmo questionamento à força-tarefa da Lava Jato. Ao MPF, perguntamos se os procuradores chegaram a visitar candidatos para a vaga de Moro, como disse Dallagnol, e se o órgão não considerava inadequado o lobby sobre os juízes para viabilizar os nomes de sua preferência e, depois que esse plano falhou, para garantir que Bonat não desistisse da vaga

https://www.brasil247.com/brasil/vaza-jato-dallagnol-fez-pressao-sobre-judiciario-para-ter-juiz-amigo-no-lugar-de-moro

O texto contém a transcrição de várias mensagens de Dallagnol, a  respeito. Embora o assunto tenha  tido a devida repercussão na mídia é aqui transcrito como “sinal dos tempos”: mais um  indicativo concreto de que a Lava Jato não vê nenhum impedimento em passar por cima de quaisquer regras quando julga necessário o atingimento de algum  seus objetivos. Nem se faz  a clássica pergunta “e agora?” pois já é sabida a  resposta a tais questões quando se trata de excessos da Lava Jato: nada vai acontecer e o juiz, Bonat, com sua autoridade comprometida, vai contimur lá em Curitiba, julgando airosamente os processos da Lava Lato, com rara competência pois, afinal, é “juiz amigo” … Em resumo: prossegue, impávido,o Desmonte do Judiciário & MP!

7 – “Ao STF, Petrobrás afirma que nunca acusou Lula nos EUA ” – Grupo Prerrogativas  – 14  OUT. “A Petrobrás afirmou em parecer que jamais acusou Lula de envolvimento em corrupção nos Estados Unidos. No parecer os advogados da empresa tentam negar acesso da defesa de Lula a documentos e informações trocados com autoridades norte-americanas. A defesa de Lula quer acesso ao material para demonstrar a posição contraditória e antagônica adotada pela Petrobras no Brasil e nos EUA, seja na posição jurídica (vítima ou culpada), seja em relação ao mérito dos contratos citados nas ações penais propostas contra o ex-presidente pela Lava Jato.”

www.prerro.com.br/petrobras-afirma-ao-stf-que-nunca-acusou-lula-nos-eua/

A situação evoluiu e, para não efetuar a entrega dos documentos e informações em questão, a Petrobras passou a defender, no Supremo, a tese ridícula de que a Petrobras passe a ter o status de uma Embaixada no que se refere à guarda do material em questão, como forma de evitar a sua entrega (“Petrobrás pede para ter tratamento de embaixada estrangeira e não compartilhar seus acordos com os Estados Unidos” – www.brasil247.com/economia/petrobras-pede-para-ter-tratamento-de-embaixada-estrangeira-e-nao-compartilhar-seus-acordos-com-os-estados-unidos ). Mais recentemente (4 Nov), o Min Fachin (sempre ele!)  “negou um pedido da defesa do ex-presidente Lula para ter acesso aos documentos enviados pela Petrobras ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos que serviram para fazer acordo e encerrar uma ação coletiva. Lula pedia acesso aos documentos por entender que eles provariam sua inocência em relação às acusações da Lava Jato. Os advogados lembraram que, enquanto a Petrobras é assistente da acusação no Brasil, nos EUA nunca mencionou Lula e assumiu a culpa pelas fraudes em suas diretorias”, Cabe indicar que os documentos em causa foram fornecidos, anteriormente aos procuradores da Lava Jato.  (“Fachin nega a Lula acesso a documentos sobre Petrobras que provariam sua inocência”  – https://www.brasil247.com/brasil/fachin-nega-a-lula-acesso-a-documentos-sobre-petrobras-que-provariam-sua-inocencia) .

.8 – “Fábio de Sá e Silva: A Lava Jato como plataforma da extrema direita no Brasil” – Entrevista  à Deustche Welle – Viomundo – 16 OUT. “No ímpeto de fazer avançar operações contra corrupção, a Lava Jato acabou por enfraquecer a democracia e o Estado de direito e reproduziu estratégias adotadas por populistas e líderes iliberais, que buscam minar as instituições em benefício próprio. Esse discurso, potencializado pela imprensa, ganhou as ruas e acabou por favorecer a eleição do presidente Jair Bolsonaro. A análise é de Fábio de Sá e Silva, professor de estudos brasileiros na University of Oklahoma, nos Estados Unidos, a partir de pesquisa que codificou 194 entrevistas concedidas por membros da Lava Jato e pelo juiz Sergio Moro, de janeiro de 2014 a dezembro de 2018, somando mais de mil páginas de conteúdo. O estudo foi publicado no último sábado (10/10) no Journal of Law and Society. … Sá e Silva afirma que as entrevistas indicam que a Lava Jato tinha uma ‘gramática política’ estruturada, que incluía pressionar pela mudança de normas em benefício da própria força-tarefa, classificar os que resistiam a alterações como inimigos do povo e contornar a lei quando necessário para alcançar objetivos políticos. Para ele, a retórica dos integrantes da Lava Jato indica que eles ‘estão muito mais próximos da ideia de identificação e perseguição do inimigo do que propriamente da contenção de arbitrariedade no exercício do poder, que é a chave do liberalismo’. … [Ele] aponta ser ‘difícil negar que a luta anticorrupção serviu como plataforma para a extrema direita no Brasil’.” Detalhes sobre a extensa  (e interessante) entrevista no link abaixo.

https://www.viomundo.com.br/voce-escreve/fabio-de-sa-e-silva-a-lava-jato-como-plataforma-da-extrema-direita-no-brasil.html

Um estudo sério que comprova fatos conhecidos, somente negados por quem não quer ver …

9 – “Em campanha por Trump, Bolsonaro adere à ofensiva anti-China dos Estados Unidos” – 247 – 20  OUT. “O governo de Jair Bolsonaro dá nesta terça-feira seu passo mais perigoso em política externa. Ao receber Robert O’Brien, o conselheiro de segurança do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e discutir com ele sobre o eventual banimento da gigante tecnológica chinesa, o Brasil se envolve totalmente na ofensiva anti-China da superpotência do norte, o que pode abrir uma crise diplomática com o principal parceiro comercial e maior investidor externo do país, prejudicando os interesses nacionais. O chefe de segurança de Trump chegou ao Brasil para participar do anúncio de um pacote comercial entre os dois governos às vésperas das eleições americanas. Mas o objetivo principal da agenda de O’Brien, que terá nesta terça-feira (20) audiências com Jair Bolsonaro e o ministro Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional é promover  no Brasil a campanha anti-China, prioritária na política externa dos Estados Unidos. … Reportagem de Ricardo Della Coletta, Fábio Pupo e Gustavo Uribe na Folha de S.Paulo informa que a principal missão de O’Brien no Brasil é envolver o país na briga dos EUA para “reduzir a influência global da China e ainda barrar a empresa Huawei do mercado de 5G”. A alegação do governo Trump é que a empresa chinesa não oferece garantias de segurança e privacidade. … banimento da Huawei trará prejuízos ao Brasil e custará caro ao consumidor brasileiro. Sem a Huawei, a evolução da tecnologia de quinta geração demoraria até quatro anos para ser iniciada porque as teles teriam de trocar todos os equipamentos, que não conversam com o 5G dos concorrentes. Isso tornaria a evolução da telefonia mais cara para os brasileiros. Os Estados Unidos querem que o Brasil e outros países coloquem travas para que a Huawei não forneça equipamentos para a nova geração de tecnologia de elecomunicações. O leilão de frequência no Brasil deve ocorrer no ano que vem….  banimento da Huawei criará problemas diplomáticos e comerciais com a China, o principal parceiro comercial do Brasil. Essa preocupação já foi demonstrada tanto pela ministra da Agricultura como pelo general Hamilton Mourão, vice-presidente da República.

https://www.brasil247.com/brasil/em-campanha-por-trump-bolsonaro-adere-a-ofensiva-anti-china-dos-estados-unidos

Se a política externa do Brasil sob  a dupla Bolsonaro/Araújo já é em si motivo de justa preocupação para os setores responsáveis do País, imaginem o grau de inquietação quando o Brasil dáseu passo mais perigoso em política externa”. Ao que tudo indica um passo em falso e extremamente inconveniente, considerados os  interesses nacionais, Com a presença de O’Brien ainda no Brasil ocorreu a surpreendente decisão de Bolsonaro  desautorizar o acordo de intenção de compra já firmado pelo seu ministro-general  Pazuello para que  fossem adquiridas  46 milhões de doses da vacina produzida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o instituto Butantan, do governo de São Paulo.  Agora, a decisão surpreende menos,  enquadrando-se no vergonhosa quadro de sujeição aos interesses americanos … .Nota: esta coletânea de artigos está sendo encaminhada após a eleição de Biden, que, provavelmente,  não deverá alterar substancialmente a pressão diplomática americana contra a adoção do 5G chinês.

10 – “Rovai: os generais estão entregando sua dignidade para um débil mental”  – Renato Rovai – Revista Forum – 21 OUT. “O jornalista e editor da Revista Fórum, Renato Rovai, disse em conversa com Leonardo Attuch, do Brasil 247, que se espanta com o nível de submissão e de humilhação ao qual se sujeitam o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e os demais generais do governo Jair Bolsonaro. Com a desautorização de Bolsonaro nesta quarta-feira (21) de um acordo de intenção de compra da CoronaVac, vacina chinesa contra a Covid-19, firmado pelo Ministério da Saúde na terça-feira (20), Rovai afirmou que o mais apropriado diante da atitude de Bolsonaro seria Pazuello pedir demissão do governo.”

https://revistaforum.com.br/blogs/blogdorovai/os-generais-estao-entregando-sua-dignidade-para-um-debil-mental/

O que poderia ser entendido como uma notícia dada por um jornalista destrambelhado, ganha novo contorno quando “O general Santos Cruz, ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo do presidente Jair Bolsonaro, criticou uma fala do ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, sobre obediência a Bolsonaro, ainda que não tenha citado nomes. “Hierarquia e disciplina, na vida militar e civil, são princípios nobres. Não significam subserviência e nem podem ser resumidos a uma coisa ‘simples assim, como um manda e o outro obedece’… Como mandar varrer a entrada do quartel” (“General Santos Cruz critica fala de Pazuello sobre obediência a Bolsonaro” – CorreioBrasiliense, 24 out). E, afinal, ainda cabe reportar, em rápida sequência, o caso do Min Salles ter se referido ao Gen, Ramos, em público, como  “Maria Fofoca”. Desculpou-se, em seguida, mas o mal estava feito….. (“Salles chama general Ramos de ‘Maria Fofoca’ e instala nova crise no governo Bolsonaro” – Correio Brasiliense, 24 out). O Desmonte 55 anterior versou, exclusivamente, sobre a atual “questão militar”, ampliando as informações aqui reproduzidas.

11Sumário pot-pourri econômico:

Presidente do BC confirma que devastação ambiental de Salles afugenta investidores – 14 OUT https://www.contextoexato.com.br/post/presidente-do-bc-confirma-que-devastacao-ambiental-de-salles-afugenta-investidores20201014

Fuga de capitais e o fiasco de Guedes” 26 OUT https://outraspalavras.net/mercadovsdemocracia/fuga-de-capitais-e-o-fiasco-de-guedes/#:~:text=Desde%202019%20o%20Brasil%20enfrenta,realizar%20essas%20estat%C3%ADsticas%2C%20em%201982.&text=O%20que%20%C3%A9%20t%C3%ADpico%20de%20pa%C3%ADs%20atrasado

– “Bloomberg vê sinais sinistros no Brasil e rebelião dos investidores” –  30 OUT –  https://cnf.org.br/bloomberg-ve-sinais-sinistros-e-rebeliao-dos-investidores/

– “Bolsonaro bate novo recorde: maior taxa de desemprego da História” – 1º NOV –  https://www.blogdomello.org/2020/11/bolsonaro-bate-novo-recorde-maior-taxa.html

– “Estatal chinesa aumentará compra de soja na Argentina – 30 OUT – https://br.sputniknews.com/economia/2020103016307295-estatal-chinesa-aumentara-compra-de-soja-da-argentina/   e  “China vai comprar soja na África para diminuir dependência do Brasil” – 9 NOV https://estadaomatogrosso.com.br/economia/china-vai-comprar-soja-na-africa-para-diminuir-dependencia-do-brasil/16197

-“Inflação terá alta de 3,2% neste ano, prevê mercado financeiro” – 9 NOV    – https://economia.ig.com.br/2020-11-09/inflacao-tera-alta-de-32-neste-ano-preve-mercado-financeiro.html?utm_source=pushnews&utm_medium=pushnotification

 Não se poderia  deixar de incluir alguma informação sobre o atual Desmonte econômico enfrentado pelo País. Que  não é só causado pela pandemia. As crescentes dificuldades na exportação de soja para a China devem-se exclusivamente à sabujice de Bolsonaro  visando  agradar Trump …

Nº 56

Prezados leitores/amigos,

Devido à queda de Trump, registro, inicialmente  minha grande satisfação. O ar no mundo passou a ficar mais respirável! Mas tal  satisfação não vai  a ponto de considerar que serão alterados os interesses estruturais e geopolíticos  dos americanos. Assim, por exemplo, creio que continuem as pressões para que a tecnologia 5G seja deles adquirida.  Lembremo-nos que foi no governo democrata Obama que veio a público a espionagem da NSA envolvendo  a interceptação de  mensagens telefônicas de presidentes de outros países,  no Brasil com as da  Dilma e, na Alemanha, com as de Angela Merkel, motivo de consideráveis reações diplomáticas, incluindo, pelo lado de nosso País, o cancelamento da visita de Dilma aos EUA e o contundente discurso  que fez em  sessão de abertura da ONU.

Excepcionalmente, este Desmonte 56 sucede com poucos dias o anterior (em lugar do intervalo médio de 30 dias). Isto se deve ao fato do 55, à feição de um Desmonte temático,  ter sido destinado à abordagem exclusiva da “questão militar”.

 Cabe recordar ainda aos leitores a diretriz adotada de não incluir nos Desmontes, necessariamente,  assuntos que já tenham sido amplamente  divulgados pela mídia.  

Sugere-se  que a leitura ocorra paulatinamente, em função da disponibilidade de tempo e  da área de maior interesse de cada um.

 Luiz Philippe da Costa Fernandes

Artigos Selecionados no Desmonte Nº 56

Nº 55: A Questão Militar

A Questão Militar

                                      Sapere aude   (ouse saber) – tenha a ousadia de fazer uso de seu próprio entendimento.

Prezados leitores e amigos,    

Este Desmonte vai fugir à forma padrão de encaminhamento, a saber, algumas sumárias considerações  e um anexo (os “Artigos Selecionados) contendo o resumo comentado de cerca de dez artigos julgados de maior interesse,  vale dizer, mais representativos do Desmonte em curso no País. Versará sobre a questão militar, como vista pelo autor destas coletâneas. Mas como pode ser constatado no texto, não se estará fugindo ao Desmonte do Estado Brasileiro … E os “Artigos Selecionados” que constariam como anexo a este Desmonte 55 seguirão em seguida, separadamente.

Refletindo sobre o momento atual, ocorre-me que é oportuno abordar, com pouco mais de detalhe,  a relação entre os militares e o governo Bolsonaro que, aparentemente, vai causando desconforto mútuo cada vez mais significativo.

Como introdução, a pergunta: por que os militares, afinal, aceitaram (gostosamente ) integrar-se  a um  governo como o de Bolsonaro? Como antecedentes, cabe indicar que, em livro recentemente publicado por Michel Temer, ele admite que, desde 2015, esteve em contato próximo com militares – incluindo o gen. Sérgio Etchegoyen e o então comandante do Exército, gen. Villas Bôas – conspirando para a queda da então presidente Dilma (“PT: golpista, Temer confessa que tramou a deposição de Dilma”  – https://www.brasil247.com/poder/pt-golpista-temer-confessa-que-tramou-a-deposicao-de-dilma).

Em abril de 2018, ainda Villas Boas no Comando  do Exército, ele fez pronunciamentos contra a concessão de habeas corpus que seria  julgado pelo  Supremo Tribunal Federal no dia seguinte. Em entrevista posterior, confirmou que  pretendia “intervir” caso o STF concedesse habeas corpus ao ex-presidente Lula; “Temos a preocupação com a estabilidade, porque o agravamento da situação depois cai no nosso colo. É melhor prevenir do que remediar”, disse. Durante o julgamento, (o habeas corpus não foi concedido pela  diferença de um voto), o min. Celso de Mello afirmou que as declarações de Villas Boas eram “claramente infringentes do princípio da separação de poderes” e “que parecem prenunciar a retomada, de todo inadmissível, de práticas estranhas (e lesivas) à ortodoxia constitucional” (“General Villas Bôas diz que calculou ‘intervir’ caso STF desse HC a Lula” – https://www.conjur.com.br/2018-nov-11/villas-boas-calculou-intervir-stf-hc-lula.

De tais fatos, parece despontar a conclusão cristalina: o nosso Exército conspirou contra um governo democraticamente eleito e interferiu em decisão  de nosso mais importante tribunal. Os propósitos podem ter sido considerados nobres, à época, mas as ações decorrentes foram decididamente inconstitucionais e hostis à Democracia. A meu ver, tais interferências contribuíram fortemente para a situação de descalabro político e jurídico em que ainda nos debatemos. Afinal, ou se respeita a Constituição ou entramos no regime do vale tudo, por critérios subjetivos.

É enorme a responsabilidade dos chefes militares que participaram de tais iniciativas e a História irá julgá-los com possível severidade. Naturalmente, tais atitudes não foram adotadas de afogadilho. Tinham um propósito. E este propósito parece ser a decisão militar de participar e influir diretamente na política nacional, no governo Bolsonaro. Talvez, a razão última que os induziu a tal perigoso desiderato tenha sido o receio, a meu ver pouco racional, de que a  esquerda continuasse/voltasse  ao poder com  Lula. Ora, quando a Democracia e as instituições democráticas estiveram  mais ameaçadas? Nos  governos Lula/Dilma ou no do Bolsonaro?

Ao final,  abriu-se uma ótima janela de oportunidade para que os miltares voltassem a dar as cartas na alta administração federal. São milhares de militares,  (até da  ativa), atrelados ao governo Bolsonaro. E, por mais que tais  militares tenham os mais  nobres propósitos, a opinião pública  tende a ver em tal crescente adesão cada vez mais o interesse pecuniário … . Esqueceram-se  os militares que, alçados a elevados cargos políticos,  ver-se-iam na contingência de serem tratados como políticos. E, mormente quando alguns de tais  cargos são ocupados por militares da ativa, suas Forças de origem são alcançadas por eventuais críticas  sobre eles emitidas em publico.

Não se pode enganar todos, todo o tempo. E o Exército conhece perfeitamente as qualificações de Bolsonaro. Segundo a “ficha de informações” produzida em 1983, pela Diretoria de Cadastro e Avaliação do ministério, Bolsonaro, então tenente com 28 anos de idade. “deu mostras de imaturidade, ao ser atraído  por empreendimento de garimpo de ouro’. Necessita ser colocado em funções que exijam esforço e dedicação, a fim  de reorientar sua carreira. Deu demonstrações de excessiva ambição em realizar-se financeira e economicamente”. Segundo um de seus superiores, “Bolsonaro tinha permanentemente a ambição de liderar os oficiais subalternos, no que foi sempre repelido, tanto em razão do tratamento agressivo dispensado a seus camaradas, como  pela falta de lógica” (“Bolsonaro era agressivo e tinha ‘excessiva ambição’, diz ficha militar” –  https://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/05/1884332-bolsonaro-era-agressivo-e-tinha-excessiva-ambicao-diz-ficha-militar.shtml  )

Mesmo com tais elementos de informação, o Exército decidiu apoiar Bolsonaro. Assumiu-se a premissa de  que o Presidente, até por sua fraqueza, após a posse iria fatalmente apoiar-se  na orientação militar. A  estratégia falhou, pois Bolsonaro,  depois de quase três décadas como deputado federal, passou a ser muito mais um (mau)político  do que  um  militar. E ai vai ocorrer um fenômeno que alguns referem à psicologia, terreno em que, por desconhecimento, não irei me aventurar. Mas é inegável  a impressão que se tem,  de que Bolsonaro sente certo  prazer   em mostrar  que é ele quem manda, não hesitando em provocar humilhações públicas a seus antigos chefes ou admitir que o façam, sem interferir.

Era de se prever que,  cedo ou tarde,  iriam se chocar dois  modos de ser  bem distintos: os militares, para que sejam alçados aos postos mais elevados da carreira, necessariamente devem ser dotados, em algum grau, de uma visão geopolítica e geoestratégica. Tal visão é incompatível com a atual política externa.  Eles também, valorizam o combate à corrupção (o que os levam muitas vezes a desdenhar do político  profissional – embora Bolsonaro tenha sido um deles ! …). Tais valores os induzem à não conformidade com  manobras visando livrar familiares do presidente dos rigores da Lei e medidas como a aproximação desenfreada ao Centrão e as consequências derivadas …

Tais choques, entre outros que o espaço não permite apresentar, produziram eventos marcantes  e desagradáveis aos militares. Anteriormente, eles  já haviam sido afetados com as defecções pelo governo  de chefes respeitados, em um dos casos (gen. Santos Cruz – ex-Secretário Geral da Presidência da República, demitido em junho de 2019),  por pressão de um dos filhos de Bolsonaro (Carlos)  e dos olavistas   (https://www.bbc.com/portuguese/brasil-48631592). Em novembro de 2019, foi a vez do gen. Santa Rosa, Chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos,  pedir demissão, segundo ele visando antecipar-se à “fritura” que ocorre em tais situações ( https://gauchazh.clicrbs.com.br/politica/noticia/2020/10/rego-barros-e-comparado-a-santos-cruz-ckgv0x2lt001o01jdi6elma4e.html).  Mais recentemente, ocorreu a rumorosa desautorização ao gen. Pazzuelo (da ativa) que,   antes de assinar a tal carta de intenções  assinalando a compra  das 46 milhões de vacinas chinesas (Sinovac/Butantan), certamente consultara previamente o presidente (https://globoplay.globo.com/v/8960078/). Pazzuelo foi desautorizado em público e, ainda no hospital, fez a infeliz declaração de que no governo Bolsonaro  “é  simples assimum manda e o outro obedece”. Em rápida sequência, coube ao patético ministro do Meio Ambiente  .Ricardo Salles  debochar, publicamente,  do gen.Braga Netto, Ministro-Chefe do Gabinete Civil (um militar no Gabinete Civil?!?) apelidando-o de  “Maria Fofoca”. Posteriores desculpas pro forma do Salles não encerraram o episódio.

O próprio gen. Santos Cruz, já nomeado anteriormente, contrariando seu perfil discreto, fez publicar artigo, em outubro p. p.,   que teve muita repercussão (https://gauchazh.clicrbs.com.br/politica/noticia/2020/10/rego-barros-e-comparado-a-santos-cruz-ckgv0x2lt001o01jdi6elma4e.html . Nele,  Santos Cruz faz constar que “Infelizmente, o poder inebria, corrompe e destrói” e mais “Os líderes atuais, após alcançarem suas vitórias nos coliseus eleitorais, são tragados pelos comentários babosos dos que o cercam ou pelas demonstrações alucinadas de seguidores de ocasião”. E completou: “alguns ‘assessores leais’ deixam de ser respeitados e ‘outros, abandonados ao longo do caminho, feridos pelas intrigas palacianas’ A autoridade muito rapidamente incorpora a crença de ter sido alçada ao Olimpo por decisão divina, razão pela qual não precisa e não quer escutar as vaias. Não aceita ser contradita. Basta-se a si mesmo. Sua audição seletiva acolhe apenas as palmas” . (Consta que o artigo mereceu aprovação no meio militar).

O vice-presidente gen. Mourão também já teve seus choques com Bolsonaro. De uma feita,  ao afirmar que é lógico que as vacinas chinesas irão ser compradas, quando pouco antes Bolsonaro afirmara que não iria adquirí-las de forma alguma. Em outra ocasião, Mourão defendeu uma postura de equilíbrio, caso a eleição americana fosse depender da Suprema Corte daquele país, contrariando a posição de Bolsonaro, de ostensivo apoio a Trump.

As informações acima não estariam completas sem dois acréscimos. Em primeiro lugar, mencionar que alguns dos generais palacianos (Heleno e Fernando Azevedo, Ministro da Defesa, à frente) foram de grande valia a Bolsonaro, a seu tempo,  quando ele ensaiou uma posição de força junto ao STF e ao Congresso, beirando um ato contra a Constituição. Em tais momentos, as declarações “duras” de tais autoridades serviram como aríetes, visando, aparentemente,  intimidar as Instituições “que estavam saindo dos limites” (como vistos pelo governo…). Finalmente, indica-se que a vitória praticamente assegurada de Biden, nos EUA,  vai valorizar a ala militar do governo com concomitante depreciação  da  influência de Olavo de Carvalho e da ala mais radical e ideológica do governo. (Talvez os mins. Araújo e Salles já devam ir cogitando de limpar suas escrivaninhas …)

 É nesse ponto que ora estamos. Vários analistas assinalam a  insatisfação nas hostes militares com as atitudes e ações desrespeitosas  do presidente e de alguns de seu círculo mais chegado  em relação ao militares do governo. Outros já adiantam que os militares ora cogitam afastar-se do governo. (Ver por exemplo  https://noticias.uol.com.br/colunas/chico-alves/2020/10/31/parceria-dos-generais-com-governo-bolsonaro-esta-por-um-fio.htm). Mas como fazê-lo?  Dependendo  de como ocorra o afastamento, acaba o governo, de  tal sorte está sustentado pela participação militar em todos os escalões, por mais afastados que estejam das atividades castrenses de origem (mormente  no Min da Saúde! …)

 De minha parte ficaria muito feliz se ocorresse tal afastamento. É minha convicção que a participação maciça dos militares  no governo  Bolsonaro já está acarretando  sério desgaste ao conceito que a população  nutre pelas suas Forças Armadas. E quanto mais demorar tal afastamento, maior será tal desgaste. Simples  assim!

Artigos selecionados Desmonte Nº 54

1 – “Tutelada por militares, Apex assegura renda de até R$ 84 mil para generais e almirantes da reserva” – 247  –  5  SET.

“A decisão do governo Jair Bolsonaro de entregar a chefia da Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) para os militares resultou na nomeação de 10 generais, almirantes e capitães de mar e guerra que – ao acumular os salários pagos pela agência e a aposentadoria militar – recebem vencimentos mensais de até R$ 84 mil. … Segundo reportagem da Gazeta do Povo, o presidente da Apex, o contra-almirante da Marinha Sérgio Segovia, recebe R$ 76 mil mensais. O valor pago ao militar é 146% mais alto que o salário do presidente da República. … Ainda de acordo com a reportagem, o general Mauro Lorena Cid recebe R$ 84 mil e o vice-almirante Ederaldo Teixeira de Abreu, que ocupa o cargo de diretor de Gestão Corporativa, acumula rendimentos da ordem de R$ 70,5 mil. Nenhum dos militares nos cargos de chefia da Apex sofre o chamado abate-teto pelo fato da agência ser considerada uma entidade de direito privado e, portanto,  não estar enquadrada no limite do teto constitucional.”

https://www.brasil247.com/brasil/tut elada-por-militares-apex-assegura-renda-de-ate-r-84-mil-para-generais-e-almirantes-da-reserva

Não se tem dúvida sobre o prestígio de tais militares em suas Forças de origem, advindo de carreiras bem sucedidas e dedicadas. O que se coloca em questão é a conveniência de serem entregues a militares, em bloco, como foi o caso, a administração de setores do governo inteiramente alheios à sua formação, para os quais não tem nenhuma  experiência prévia. No momento em que se engajam em tais atividades, expõem-se a manchetes como a da notícia em questão. Mais do que isto, relacionam os militares em geral com o atual governo, o que não parece  conveniente, haja vista as variadas acusações de que é alvo. Já há quem denomine o governo Bolsonaro de “governo militar”. Será que vale a pena atrelar o prestígio que as FFAA conquistaram cuidadosamente após os governos militares  à gestão de um presidente como Bolsonaro? E, note-se, não há nenhuma outra democracia, ao que se saiba, que utilize e envolva tão maciçamente os militares na alta administração de assuntos de governo alheios aos que lhe são próprios. 

2 – “Salles gastou apenas 0,4% do orçamento disponível para ações de política ambiental– 247   – 11   SET.

“O ministro Ricardo Salles, responsável pela pasta do Meio Ambiente do governo, deixa cada vez mais claro que sua prioridade não é o meio ambiente. Ele gastou entre janeiro e agosto apenas R$ 105 mil em ações orçamentárias disponíveis para o ano em política ambiental, como revelou o portal UOL.Os dados são de um estudo do Observatório do Clima, que afirmou que este número corresponde a 0,4% do orçamento autorizado em iniciativas referentes à mudança climática, à proteção da biodiversidade e à melhoria da qualidade ambiental urbana, por exemplo.”

https://www.brasil247.com/brasil/salles-gastou-apenas-0-4-do-orcamento-disponivel-para-acoes-de-politica-ambiental

 Certamente, o descaso visa agradar o chefe...  De toda sorte, é prova de grande incompetência não gastar a verba alocada à sua pasta, quando tanto há o que fazer em relação ao meio ambiente, em nosso País! A propósito, o min. Salles é suspeito de enriquecimento ilícito, acordo o Ministério Público de São Paulo e já foi condenado (1ª instância) por improbidade administrativa por juiz da 3ª Vara da Fazenda Pública daquele estado. 
2 – “Bolsonaro confirma entreguismo insuperável” – Paulo Moreira Leite   – 247  – 13 SET.

“… quando o conceito de ‘Deus Trump’ formulado pelo chanceler Ernesto Araújo já não permitia dúvidas sobre a visão diplomática do bolsonarismo, duas medidas recentes ilustram de forma definitiva a postura submissa nas relações com o império. A mais escandalosa envolve a licença de importação – sem impostos – do etanol produzido nos Estados Unidos, que nos próximos [meses] poderá ser vendido no país nas mesmas condições que o produto local. Em vez de atender a pressão natural de produtores brasileiros que, em tempos de queda na demanda, batalhavam por uma elevação de tarifas de importação para proteger a produção local, Bolsonaro abriu o mercado nacional para os concorrentes estrangeiros, numa atitude definida  pelo usineiro Evandro Gussi, um dos líderes do setor, para quem a medida ‘não tem nenhuma razão a não ser ajudar os Estados Unidos’. Menos ruidosa, mas de valor estratégico mais profundo  e duradouro, o apoio do governo Bolsonaro a candidatura de Maurício Claver-Carone à presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento, vitoriosa neste fim de semana, marca um retrocesso de dimensão histórica. Suas consequências nefastas podem se fazer sentir por um largo período no desenvolvimento do país e demais países dessa parte do mundo. … há duas décadas o BID se encontra no  radar da extrema-direita norte-americana, interessada em esvaziar projetos de desenvolvimento a juros subsidiados e abrir caminho para instituições privadas….    o governo brasileiro até cogitou o lançamento de um concorrente próprio, pretensão legítima pelo peso do país na região.  Desistiu quando ficou claro que a Casa Branca também [estava] interesssada na disputa”.

 .https://www.brasil247.com/blog/bolsonaro-confirma-entreguismo-insuperavel?amp=&utm_source=onesignal&utm_medium=notification&utm_campaign=push-notification

Posturas vergonhosas! Ao se desmontar a soberania nacional – e existem casos anteriores –, abala-se o conceito de patriotismo, de pundonor nacional. Ver a propósito “Ivan Valente diz que governo Bolsonaro cedeu a lobby do milho nos EUA para favorecer Trump: ‘coisa de lacaio’”. A vergonhosa concessão é interpretada por analistas  como benefício eleitoral a  Trump na corrida presidencial  dos EEUU. Vale o Brasil prejudicar a sua combalida economia, em plena pandemia, para atender o interesse eleitoral de um prócer estrangeiro? Como mencionado na mensagem de encaminhamento, buscou-se, neste Desmonte, dar alguma ênfase adicional aos agravos à nossa soberania, sob a dupla Bolsonaro/Araújo. 

 3 – “Novos riscos para a democracia e o culpado pela morte de fiscal da Funai” – Janio de Freitas – Diário do Centro do Mundo – 13 SET.

“Em situações de insegurança para o Estado democrático de Direito, a esperança de sustentação da ordem constitucional volta-se para o Supremo Tribunal Federal…. A dimensão das responsabilidades do Supremo não admite a passividade com que, como instituição e ressalvadas algumas atitudes individuais, deixou-se diminuir por agressões reiteradas e crescentes de Bolsonaro e bolsonaristas profissionais ou amadores. Dias  Toffoli enfraqueceu-o mais com sua própria fraqueza, que o levou até a um acordo de pretenso comprometimento do Supremo com Bolsonaro. Desde 2018, tal ordem e o próprio Supremo são alvos de ataques que não se fundamentam em críticas, mas em propósitos contrários ao regime democrático. … Toffoli deixa a presidência do Supremo a um sucessor que não traz de volta a esperança e a confiança no tribunal. …  Bolsonaro quer a reeleição. Os militares bolsonaristas querem a reeleição, admitidas ambições particulares de um ou outro. E esse objetivo significa mais do que um plano político, aliás, já com dedicação plena e exclusiva de Bolsonaro. No decorrer dos dois anos em que Luiz Fux presidirá o Supremo, coincidirão a campanha eleitoral para a Presidência e, em princípio, as etapas mais gritantes dos inquéritos e processos suscitados pelo clã Bolsonaro, seus coadjuvantes e associados. As influências mútuas deverão fazer dos dois desenrolares apenas um. Já é uma advertência de processo eleitoral tumultuoso. … Bolsonaro e suas tropas de choque e de cheque precisam ganhar a eleição a qualquer custo. Não é força de expressão, é mesmo a qualquer custo… É notório, no entanto, que Bolsonaro se viu compelido a desacelerar a marcha para os objetivos anti-institucionais. … As condições podem surgir até o fim do mandato, talvez com a colaboração da pandemia e seus efeitos sociais .. . Apropriar-se das obras de Lula e Dilma, conter impulsos da boçalidade, viajar a qualquer pretexto, tudo indica o investimento no segundo mandato, prioritário ao plano inicial….  Tudo ou nada, isto será o segundo mandato, se obtido. E este ‘se’ terá sua decisão durante a campanha eleitoral, quer dizer, a batalha eleitoral, com o Supremo presidido por Fux e sua inclinação direitista, sua flexibilidade, sua vaidade exorbitante e irresistível aos afagos. Uma esperança, sim para quem pretende vencer a eleição a qualquer custo. Luiz Fux nunca surpreendeu.”

https://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/ataques-ao-stf-significam-novas-perspectivas-de-risco-para-a-democracia-diz-janio-de-freitas/

Não há como deixar de recordar o ex-juiz Moro ao referir-se a Fux, após a extrema cordialidade  com  que ele tratou o Dallagnol em reunião em Brasília, “só faltando o convite para um  cafezinho como próprio dos cariocas”: “In Fux we trust”. A primeira  atitude de Fux como presidente do CNMP, decorrência da presidência do Supremo, deu um sinal inquietante, ao excluir os condenados por corrupção da sugestão daquele Conselho aos juízes para que os afetados pela Covid-19 pudessem passar à prisão domiciliar. Em resumo, um “agrado” extemporâneo à Lava Jato.  

 

4 – “Um mapa da devastação do Trabalho no Brasil” – Outras Palavras  –    14 SET. “A gravíssima crise do trabalho que o Brasil atravessa não será compreendida apenas com os números oficiais sobre o desemprego. …  mais de 31 milhões de pessoas poderiam estar inseridas no mercado de trabalho, mas estão subutilizadas – seja porque desempenham tarefas de cuidado, estão enfermas ou desistiram de procurar emprego. O fato é que emerge, nos últimos anos, um oceano de pessoas que estão na periferia do sistema econômico: os que estão na informalidade, aqueles que trabalham por conta própria, os que enfrentam elevada rotatividade (mesmo sendo assalariados) e os que amargam o desemprego prolongado, por mais de seis meses. Para se ter ideia, em 2013, apenas 57,3% das pessoas em idade de trabalhar estavam ocupadas; com a pandemia, chegamos ao catastrófico patamar de 47,9%, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada pelo IBGE em agosto. Ou seja: mais da metade das pessoas estão de fora da força de trabalho…. o mercado se tornou incapaz de gerar postos de trabalho com proteção, certo grau de qualificação e salários decentes, alterando o perfil de ocupação no país – o que tem levado à explosão da informalidade. … O nível de ocupação das mulheres está em 39,4%, segundo a Pnad — um dos menores nas últimas duas décadas … . Antes da pandemia, 67 milhões de pessoas estavam de fora da força de trabalho – dois terços, eram mulheres. Hoje, chegamos a 77,7 milhões. Cerca de 45% das mulheres negras que poderiam trabalhar, mas estão sem empregos, são de famílias com renda per capita domiciliar de meio salário-mínimo. … O trabalho cada vez menos assalariado e protegido, a estagnação da renda per capita e o desmonte [grifo meu] da estrutura corporativa das relações de trabalho, fruto de um capitalismo em decomposição. Esses foram alguns dos diagnósticos sobre a nova configuração do trabalho no Brasil, feito pelo economista Márcio Pochmann … quando questionado sobre a possibilidade de implantação de políticas pós-capitalistas relacionadas ao trabalho e a redistribuição de renda, como a Renda Básica, Pochmann destacou que, apesar de defender ações nesta direção, a distribuição da renda gerada pelo Estado representa a manutenção do capitalismo e de um sistema falido: permite que trabalhadores e trabalhadoras sobrevivam, mas não que tenham uma vida decente. Será preciso pensar outros caminhos, que abale as estruturas da produção e reprodução econômica.”

https://outraspalavras.net/trabalhoeprecariado/um-mapa-da-devastacao-do-trabalho-no-brasil/

 Essa detalhada radiografia da devastação, que se aprofundou nos últimos anos, foi feita pela economista Marilane Teixeira, na estreia do ciclo de debates “O Futuro do Trabalho no Brasil”. Marilane é pesquisadora do Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho (Cesit/IE), da Unicamp. Já Márcio Pochmann é economista bastante conhecido: foi presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (2007-2012) e é professor titular da Unicamp. Autor de dezenas de livros sobre Economia, foi agraciado com o Prêmio Jaboti, em 2002.

 5 – “Globo: Bolsonaro destrói o Itamaraty e isola o Brasil no mundo” – Poliarquia   – 15  SET.

“O jornal O Globo, que tem sua responsabilidade na ascensão do projeto neofascista no Brasil, condena, em editorial … a política externa aviltante que vem sendo conduzida por Ernesto Araújo, no Itamaraty. ‘O governo Bolsonaro avança no projeto de demolição da política tradicional do Itamaraty: não subordinação aos Estados Unidos e equidistância diplomática. Foi decisivo o apoio brasileiro para que, pela primeira vez em 60 anos, um americano assuma a presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). É, na gestão Bolsonaro, o ápice da subserviência ao interesse americano’, aponta o texto. ‘A aproximação às cegas de parceiros internacionais, estimulada à base de afinidades pessoais e ideológicas, não costuma dar bons resultados. Bolsonaro, filhos e seu grupo foram evidentemente logrados por Trump no negacionismo da Covid-19, como prova a entrevista concedida em março pelo presidente americano …  Nela, Trump diz que minimizava a doença para não causar pânico. Bolsonaro foi na conversa e ainda terminou catequizado pela lorota da cloroquina’, lembra o texto. ‘Entre os efeitos colaterais da subserviência ao ultraconservadorismo trumpista, está a classificação às pressas, pelo Itamaraty, de telegramas enviados a diplomatas na ONU com instruções para trabalharem pela proibição do aborto e contra propostas não discriminatórias de mulheres e meninas.’ ‘Cada uma dessas ações fere preceitos constitucionais, entendimentos do STF e a tradição da diplomacia brasileira. O governo vai assim executando seu projeto obscurantista e se afastando do mundo moderno, democrático, progressista … ’”.

https://poliarquia.com.br/2020/09/15/globo-bolsonaro-destroi-o-itamaraty-e-isola-o-brasil-no-mundo/

Não entendo como as FFAA dão respaldo a tal política que, claramente, fere a soberania nacional.  A propósito, ver aindaMiriam Leitão mostra como Bolsonaro e Ernesto Araújo estão tirando dinheiro do Brasil e dando para os Estados Unidos” em https://www.brasil247.com/economia/miriam-leitao-mostra-como-bolsonaro-e-ernesto-araujo-estao-tirando-dinheiro-do-brasil-e-dando-para-os-estados-unidos , onde a jornalista afirma que a subserviência tem um preço e menciona que  a redução, pelos americanos, das cotas na exportação brasileira de aço, teve como “reação” brasileira, um prêmio aos EEUU: a manutenção das cotas de importação de etanol americano sem tarifa. No caso, Bolsonaro “quis beneficiar a campanha de Donald Trump à reeleição, só que em detrimento dos interesses dos produtores do Brasil". Mais recentemente, cabe dar uma olhada emPompeo chega a Roraima e Maia critica visita: ‘Afronta à autonomia’ nacional”  - https://www.correiobraziliense.com.br/politica/2020/09/4876404-pompeo-chega-a-roraima-e-maia-critica-visita-afronta-a-autonomia-nacional.html  .
 6  – “‘Política externa de Bolsonaro é inconstitucional e falta ação do Congresso’, avalia Celso Amorim”24718 SET.

“O embaixador e ex-ministro das Relações Exteriores e da Defesa Celso Amorim disse à TV 247 que a submissão do Brasil aos Estados Unidos é inconstitucional porque está ‘colocando em risco sistematicamente a soberania nacional’. O mais recente episódio de subserviência brasileira aos norte-americanos é a visita programada do Secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, à cidade brasileira de Boa Vista, Roraima, com o objetivo de afrontar a Venezuela, país vizinho a Boa Vista. Celso Amorim cobrou uma reação do Congresso Nacional aos atos inconstitucionais que são parte da política externa do governo Jair Bolsonaro. ‘Eu acho que falta uma ação mais nítida e mais forte no Congresso para falar a verdade. … Você não pode admitir que uma coisa inconstitucional esteja ocorrendo, eu acho que nós estamos vivendo uma coisa de uma gravidade que nunca houve na história do Brasil, nunca houve. Não é uma coisa de gostar, de eu achar que a política externa tem que ser mais isso, mais aquilo, claro que eu tenho as opiniões que todos conhecem, mas acho que não é isso. Está colocando em risco sistematicamente a soberania nacional. Não posso dizer que só uma ida do Mike Pompeo a Boa Vista configura uma agressão, é um contexto’”.

.https://www.brasil247.com/entrevistas/politica-externa-de-bolsonaro-e-inconstitucional-e-falta-acao-do-congresso-avalia-celso-amorim

 De tanto cedermos e ajustarmo-nos a atos claramente atentatórios à nossa soberania chegaremos a um momento em que a reação se tornará muito mais difícil. Faz bem Celso Amorim ao criticar a apatia do Congresso em relação a tantas atitudes que ferem nossa soberania. 

 

7 – “Visita de embaixador dos EUA gera críticas de Rodrigo MaiaO Cafezinho – 19   SET.

“… o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criticou a visita do embaixador dos EUA, Mike Pompeo, às bases da Operação Acolhida na fronteira do Brasil com a Venezuela.’A visita do secretário […], no momento em que faltam apenas 46 dias para a eleição presidencial norte-americana, não condiz com a boa prática diplomática internacional e afronta as tradições de autonomia e altivez de nossas políticas externa e de defesa’. Maia também citou a Constituição Federal para sustentar sua crítica e lembrou dos princípios diplomáticos deixados pelo Barão do Rio Branco. Durante a visita, Pompeo, que é secretário de governo do presidente Donald Trump, se reuniu com o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, … [ele] fez acusações contra o presidente da Venezuela, Nicolas Maduro. ‘Não devemos esquecer que ele está destruindo seu próprio país e também é um traficante de drogas. Está impactando na vida dos EUA. Mas vamos tirá-lo de lá.”

.https://www.ocafezinho.com/2020/09/19/visita-de-embaixador-dos-eua-gera-criticas-de-rodrigo-maia/

Tais críticas encontraram eco em vários políticos. Destacaram-se aqui os comentários de Rodrigo Maia pelo sua importância política, como presidente da Câmara e, anteriormente, os de Celso Amorim. De forma geral, tal  ato de nossa diplomacia foi classificado como de abjeta  sujeição aos interesses americanos, mais especificamente, aos eleitorais de seu atual presidente. Notar a preocupante utilização da 1ª pessoa do plural, ao final do artigo. Espera-se que o “vamos” considere uma eventual  ação militar apenas por parte dos americanos ...

 

8 – “Presidente do CNPq: Ciência não é uma coisa que se possa fazer sem dinheiro” –  UOL  – 22  SET.

“As restrições no orçamento do CNPq … fundação ligada ao [MCT[  que tem como uma das principais atribuições fomentar a pesquisa, podem comprometer a resposta do Brasil à pandemia do novo coronavírus, disse o presidente do órgão, Evaldo Vilela. … ele explicou que o corte de 5,3% em relação ao ano anterior previsto no PLOA (Projeto de Lei Orçamentária), somado ao fato de quase a metade do orçamento (R$ 696 milhões) estar condicionada à aprovação do Congresso, podem levar a um cenário no qual o CNPq não terá dinheiro para pagar nem as bolsas que já estão vigentes … ‘Temos um patamar de cerca de 80 mil bolsas por mês. Esse é o dinheiro que nós temos hoje, R$ 1,3 bilhão que mantém essas bolsas. Se não tivermos esse dinheiro, significa que não vamos poder manter as 80 mil bolsas. … Há muito tempo que não temos trabalhado com aumento de bolsa, nem de valor nem de quantidade. … O país é muito grande. Desenvolvemos muito a ciência nacional, ela é muito robusta em certas áreas e não pode sofrer esse resvalo’, argumentou. ‘ … ciência não é uma coisa que [se] possa fazer sem dinheiro E os níveis de financiamento da pesquisa no Brasil têm caído sistematicamente”, acrescentou o presidente. Questionado se a resposta à covid-19 seria mais eficiente caso a ciência tivesse sido preservada, Vilela respondeu que não há dúvidas. ‘Ciência se faz com talentos, com gente. E gente equipada em laboratórios equipados. Temos uma rede de laboratórios, especificamente na área de saúde, … mas sempre trabalhamos com o mínimo, e com uma coisa que é muito prejudicial à ciência no Brasil: a falta de fluxo. Um ano tem um bom dinheiro, no outro ano não tem aquele dinheiro. … Nunca tivemos no Brasil uma consciência de que precisamos investir seriamente em ciência. … Não tem como desenvolver um país se não tiver geração de conhecimento e uso do conhecimento’, afirmou. Segundo ele, caso o Congresso atenda ao apelo do órgão e reverta o corte, ‘vai ficar elas por elas’, sem que seja possível aumentar nem o valor da bolsa nem a quantidade de bolsas. … “.

 https://educacao.uol.com.br/noticias/2020/09/22/presidente-do-cnpq-ciencia-nao-e-uma-coisa-que-possa-fazer-sem-dinheiro.htm?

Infelizmente, juntamente com a Saúde, a Educação e o Meio Ambiente, a pesquisa científica, neste governo, não vem recebendo a atenção que merece. E, sem desenvolvimento científico e tecnológico, o Brasil não tem condições de avançar no caminho do desenvolvimento pleno, na medida que desejamos.

9Fracasso de Guedes e Bolsonaro produz a maior fuga de dólares da história do Brasil247 – 23 SET.

“’O fracasso de Paulo Guedes e Jair Bolsonaro em restaurar a ‘confiança’, o que vem sendo prometido aos brasileiros desde o golpe de estado contra a ex-presidente Dilma Rousseff, ocorrido em 2016, produziu, neste ano, a maior fuga de capitais da história do Brasil. Os dados do fluxo cambial mostram a saída de US$ 15,2 bilhões nos primeiros oito meses deste ano, no pior resultado desde 1982, quando estes dados começaram a ser medidos. Um dos motivos para a fuga de investidores é a devastação ambiental, que Bolsonaro negou nas Nações Unidas. Além disso, a bolsa de valores paulista perdeu R$ 87,3 bilhões. É o que aponta reportagem de capa do jornal O Globo desta quarta-feira.”.

https://www.brasil247.com/economia/fracasso-de-guedes-e-bolsonaro-produz-a-maior-fuga-de-dolares-da-historia-do-brasil

A informação, preocupante para a economia nacional, não causa  maior surpresa. O “posto Ipiranga” de início do governo,  por seu autoritarismo e insensibilidade social, está tendo seu prestígio minado, pouco a pouco. Início de “fritura”? ... Veja também o corolário lógico: “Bolsonaro conseguiu: Real é a pior moeda do mundo em 2020. E pode piorar. Sua reeleição pode levar o dólar a R$ 10” (https://www.blogdomello.org/2020/10/bolsonaro-conseguiu-real-e-pior-moeda-do-mundo.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+BlogDoMello+%28BLOG+DO+MELLO%29
10 – “Muita autocritica é pior que nenhuma ” – Marcos Coimbra  –  247  –   25 SET.

“Em dezembro de 2017, a nove meses da eleição do ano seguinte, o Instituto Vox Populi realizou uma pesquisa nacional, por solicitação da CUT. É educativo voltar a seus resultados, que ajudam a entender o que nos levou ao desastre de ter um Bolsonaro à frente do governo. O Brasil estava mal, do ponto de vista da população. A insatisfação predominava, ainda que em proporção menor que no final de 2016: 52% diziam-se ‘insatisfeitos’, um número abaixo do registrado no ano anterior, quando eram 60% (para comparar: hoje, a insatisfação está em 64%)…. Seja em relação ao desemprego ou à inflação, os temores eram altos: 65% acreditavam que, nos meses seguintes, o emprego ia piorar e 68% imaginavam que os preços dos produtos de primeira necessidade aumentariam. Na média nacional, 79% das pessoas diziam que, com Temer, o Brasil estava indo ‘na direção errada’ (hoje, com Bolsonaro, são 64%).  O golpe e a deposição de Dilma, do ponto de vista da opinião pública, haviam fracassado. Mas haveria uma eleição dali a pouco tempo. Sergio Moro e seus rapazes estavam na glória, com as fanfarras da mídia corporativa e da TV Globo soando alto. O primeiro passo do projeto de poder que os animava havia sido dado: um empresário-delator, a fórceps, ‘confessara’ que um apartamentozinho no Guarujá era propina para Lula. Sem nada de concreto, o bolsonarista condenou o ex-presidente. Na pesquisa, foram feitas várias perguntas a respeito de Lula e outros possíveis candidatos. Era, de longe, o mais conhecido e o mais admirado: 49% diziam ‘gostar’ dele, ficando Joaquim Barbosa em segundo lugar, com 28% … O capitão Bolsonaro marcava 18% (venceu a eleição, vive o que a grande imprensa saúda como seu ‘melhor momento’ e alcança hoje 32% nesse quesito). Se fosse candidato naquela eleição, 38% dos entrevistados em dezembro de 2017 diziam que ‘votariam com certeza’ em Lula, aos quais se somaria uma parte dos 16% que afirmavam que ‘poderiam votar’. Uma parcela de 39% dizia que ‘não votaria’ nele, proporção menor que em qualquer outro nome (empatado com Joaquim Barbosa, recusado por 40%). O capitão merecia a rejeição de 53%. O que se pode dizer desses números é que, depois de tudo que ocorrera desde a grande investida conservadora contra Lula e o PT a partir de 2013, depois da derrubada de Dilma, depois do massacre midiático sofrido pela esquerda ao longo de anos e depois da condenação por Moro, o favorito na eleição de 2018 era Lula. Frente a quaisquer adversários, a chance é que vencesse no primeiro turno. Na pergunta espontânea, atingia 38%, ficando todos os demais, somados, com 21% (dentre esses, Bolsonaro obtinha 11%, indicando que a doença bolsonarista já corroía o País). Em lista com os nomes de dez pré-candidatos, Lula alcançava 43% e a soma dos restantes chegava a 33% (em segundo, estava Bolsonaro com 13%). Essa pesquisa Vox não trouxe resultados muito diferentes de outras com metodologia semelhante. Todas mostraram que, a menos de um ano da eleição, só havia um modo de Lula perder o favoritismo, considerando que tudo que havia de negativo contra ele estava já computado e o eleitorado havia feito suas contas. Como, aliás, indicavam as respostas a uma pergunta a respeito do saldo da atuação de Lula em sua trajetória: 60% consideravam que ele fizera ‘muito mais coisas certas que erradas pelo povo brasileiro e o Brasil’, contra 32% que entendiam que ‘ele errou muito mais que acertou’. O único modo garantido de evitar a quinta vitória seguida do PT e o terceiro mandato de Lula era impedi-lo de ser candidato, trancafiando-o em uma cadeia e proibindo que se manifestasse. Foi exatamente isso que fez uma vasta aliança antidemocrática e golpista, organizada informalmente para não permitir que a vontade das pessoas comuns prevalecesse. Quem derrotou Lula, o PT e a esquerda em 2018 não foram ‘os erros’ do PT, o ‘crescimento do antipetismo’, os ‘escândalos’ e a ‘corrupção’ petistas. Suas razões não foram as ‘mudanças sociais’, as ‘redes sociais’,  o ‘crescimento do neo-pentecostalismo’ e tantas outras explicações sociologizantes.  Sem a intervenção despudorada dos aventureiros do Judiciário, militares sedentos de poder, empresários ávidos de retomar o controle do Estado, negociantes da fé, bilionários das comunicações, a vitória do capitão e suas milícias fascistas não teria ocorrido. E ainda exigiu trapaças de todo tipo na reta final, que os tribunais preferiram não ver. A culpa pelo que aconteceu não é da esquerda e não é preciso que ela faça mal a si mesma para exorcizá-la, em um auto-de-fé descabido e desnecessário.”

https://www.brasil247.com/blog/muita-autocritica-e-pior-que-nenhuma

Vale a pena ler o artigo, pois ele desfaz, com base em dados concretos de pesquisas de opinião publica, alguns mitos sobre a eleição de Bolsonaro. Em resumo, “não foram ‘os erros’ do PT, o ‘crescimento do antipetismo’, os ‘escândalos e a corrupção petistas’ as causas da vitória do bolsonarismo. Suas razões não foram as ‘mudanças sociais’, as ‘redes sociais’, o ‘crescimento do neo-pentecostalismo’ e tantas outras explicações sociologizantes”.  Ao contrário, há que culpar-se os “aventureiros do Judiciário, militares sedentos de poder, empresários ávidos de retomar o controle do Estado, negociantes da fé, bilionários das comunicações....  E ainda exigiu trapaças de todo tipo  na reta final, que os tribunais preferiram não ver.” Em síntese, a culpa do Judiciário assume papel proeminente ao provocar a esdrúxula prisão de Lula, após julgamentos injustos, referendados em tribunais superiores. Aliás, a “complacência”, melhor dizendo, omissão, que incentivou a adoção de atos posteriores mais graves, remonta ao próprio impeachment da Dilma e aos procedimentos adotados pela Lava Jato/Curitiba  adotados à margem dos procedimento legais. A História fará seu registro impiedoso de tais atos e omissões quando o tempo predominar sobre as paixões políticas.  

11 – “’Passando a boiada’: Salles acaba com proteção a reservas ambientais de manguezais e restingas” – 247 – 28   SET.

“O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), presidido por Salles, aprovou ainda a queima de materiais de embalagens e restos de agrotóxicos em fornos industriais para serem transformados em cimento. O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, aprovou nesta segunda-feira (28) a extinção de duas resoluções que definiam áreas de proteção permanente de manguezais e de restingas do litoral brasileiro, de acordo com o Estado de S. Paulo. Com a revogação, o caminho fica aberto a especulações imobiliárias nas faixas de vegetação de praias e para a ocupação de áreas de mangues para produção de camarão. Foi anulada também uma resolução que marcava como obrigatório o licenciamento ambiental para projetos de irrigação. ”

https://www.brasil247.com/brasil/passando-a-boiada-salles-acaba-com-protecao-a-reservas-ambientais-de-manguezais-e-restingas

Mais uma desfaçatez do min. Ricardo Salles. Quando vão tirá-lo do cargo? Não me refiro a uma possível ação presidencial. Bolsonaro  apoia e incentiva iniciativas que destroem o meio ambiente. São ações criminosas e o caso, como era de se imaginar, já foi parar no Supremo, por iniciativa de dois partidos políticos: Sustentabilidade e PT e de vários parlamentares. Mesmo antes da apreciação de tais ações no STF, a  23ª Vara Federal do Rio de Janeiro suspendeu, no dia 29 p. p., a extinção das duas resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Mas continua a disputa judicial pré-Supremo. A decisão da Justiça Federal do Rio foi derrubada em instância superior. .Até quando o atual (des)governo irá manter a  política em curso de desapreço ao meio ambiente, exponenciada com as tíbias reações às queimadas  da floresta amazônica  e do  Pantanal, arrostando prejuízos à exportação de nossos produtos primários, como já se configura?

12 –Petrobras pode vender refinarias, autoriza STF” – Brasil Econômico   –  1º DEZ.

“Nesta quinta-feira (1º), o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu pela continuidade da  venda de refinarias pela Petrobras, sem aval do Legislativo. O Congresso Nacional tentava impedir a estatal de vender oito de suas 13 unidades, por ação protocolada. … Em 2019, a Corte proibiu o governo de vender uma “empresa-mãe” da Petrobras sem autorização legislativa e sem licitação, mas autorizou esse processo no caso das subsidiárias. Essa decisão possibilitou a privatização da Transportadora Associada de Gás (TAG) já naquele ano.”

https://economia.ig.com.br/2020-10-01/petrobras-pode-vender-refinarias-autoriza-stf.html?utm_source=pushnews&utm_medium=pushnotification

Ao apagar das luzes deste Desmonte surge a notícia. De vez em quando, dá um desânimo! ...VerRicardo Maranhão: venda de refinarias prejudica o consumidor e faz Petrobrás abrir mão de mercado bilionário” –

https://aepet.org.br/w3/index.php/conteudo-geral/item/5235-ricardo-maranhao-venda-de-refinarias-prejudica-o-consumidor-e-faz-petrobras-abrir-mao-de-mercado-bilionario

 

Nº 54: No caminho com Maiakóvski

Prezados leitores e amigos,      

Como sempre, é difícil selecionar os acontecimentos políticos mais relevantes ocorridos após o último encaminhamento, para registro nesta coletânea. Ocorreu-me uma reflexão inicial: venho dando o realce julgado devido a certos fatos vexaminosos, quando não criminosos, advindos da abordagem do governo Bolsonaro em importantes questões ligadas à Saúde, à Educação, à C&T e  ao Meio Ambiente, para ficar só nestes temas. Mas parece  que a segunda parte do título dos Desmontes, embora  sempre aflore, ora está a merecer maior consideração. Refiro-me ao “Desmonte  da Soberania Nacional”.

Inicialmente, cabe aqui lembrar que a soberania nacional é considerada, genericamente, sob dois aspectos: a soberania interna, que diz respeito à prevalência do poder do Estado sobre os demais e a externa, que considera que, no relacionamento recíproco entre mais de um Estado, não cabe subordinação nem nenhum grau de dependência, mas sim a igualdade. Naturalmente, o título se refere especificamente a tal tipo de soberania.

Em passado próximo, talvez as primeiras “concessões” que fizemos em relação ao assunto remontem à participação ilegal de agentes do FBI em nosso território, acobertada  pela Lava Jato, à margem dos procedimentos  que deveriam anteceder tal participação. E o pior, após descoberta a irregularidade, ao que me conste, em lugar da apuração das responsabilidades, o assunto foi varrido para baixo do tapete …

Quais os interesses mais evidentes dos Estados Unidos nas atividades da Lava Jato/Curitiba? Certamente, de início, o afastamento de Lula do processo eleitoral. Mais adiante, após verificarem que as porteiras estavam inteiramente abertas, a contribuição possível para que ocorresse o desmonte de nossa indústria de construção pesada, eliminando competição no exterior que vinha prejudicando os interesses americanos. (E, ainda mais adiante, todo o apoio à eleição de Bolsonaro …).

Lembro-me de uma notícia que me pareceu muito significativa, à época – mas que, curiosamente, não teve maior repercussão: segundo especialistas, com os recursos de interceptação telefônica utilizados no País, teria sido impossível reproduzir no Jornal Nacional (sempre TV Globo!), no mesmo dia,  a conversa de Dilma com Lula sobre a sua posse como Ministro. Notar que tal notícia, distorcida quanto ao seu real significado e repercutida à exaustão, foi um dos fatores que contribuiu significativamente para a queda da Dilma. (Lembro, ainda, que a conversa foi gravada após o período que fora autorizado e que tal permissão não poderia estender-se à Presidenta da República, mas essas são outras histórias, ligadas à excessiva “desenvoltura” concedida ao juiz Moro/ Operação Lava Jato  e à leniência do STF a respeito ….). A hipótese de “colaboração” externa em tal gravação nada tem  de fantasiosa: lembrar as gravações das conversas presidenciais  de Dilma e de Ângela Merkel que ocasionaram problemas diplomáticos, à época.

As “concessões” ocorreram até no Congresso, haja vista a autorização para a cessão de Alcântara aos americanos, em termos que já haviam sido negados em ocasião passada, quando evocadas exatamente questões relacionadas  … à Soberania Nacional!

No governo Bolsonaro são variadas as ocasiões em que ficou escancarada  abjeta submissão aos interesses norte-americanos, ferindo o princípio  básico da soberania nacional: entre Estados, não cabe subordinação nem nenhum grau de dependência, mas sim a igualdade!

O presente Desmonte busca valorizar alguns recentes atentados à Soberania Nacional cometidos pelo atual governo, situação que, no extremo, deu margem a que influente jornal de São Paulo publicasse artigo em que um de seus colunistas defende, sem nenhum pejo, a simples venda da Amazônia “aos gringos”, em troca de uma “bolada de dinheiro” (“Colunista da Folha propõe ‘vender Amazônia aos gringos’” – https://www.brasil247.com/midia/colunista-da-folha-propoe-vender-amazonia-aos-gringos )

No caminho com Maiakóvski

As sucessivas “concessões” a que fiz referência, fazem-me evocar o célebre poema No caminho com Maiakóvski” (Eduardo Alves da Costa), que reproduzo, parcialmente, a seguir: 

Tu sabes,
conheces melhor do que eu
a velha história.
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.

Que os bons brasileiros nunca  permitam que lhes arranquem a voz da garganta!

 Cabe recordar aos leitores a diretriz adotada de não incluir nos Desmontes, necessariamente,  assuntos que já tenham sido amplamente  divulgados pela mídia.  

Devido à  quantidade de notícias, sugere-se  que a leitura ocorra paulatinamente, em função da disponibilidade de tempo e  da área de maior interesse de cada um.

Abraço cordial do Luiz Philippe da Costa Fernandes

PS – Caso  alguém não mais desejar receber tais coletâneas, basta enviar-me  informação a respeito. Eventual recebimento  não irá afetar a consideração e a amizade que nutro pelo remetente.

Nota: A partir do Nº 53, os “Desmontes” estarão também disponíveis no site http://desmontedoestado.com